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As Estradas da Morte

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Insegurança da Sociedade e de seus Guardiões

 

Quadro Geral

O Rio Grande do Norte, mesmo possuindo condições de dar um basta na violência escalonada e crescente que envergonha e amedronta seu povo pelo país inteiro, diante de inúmeras soluções apresentadas por este autor e outros especialistas, parece agir muito devagar.

Dessa vez não houve mais necessidade das minhas palavras. Em menos de 18 horas, em sucessivas ações criminosas como assaltos, explosões, incêndio e tiroteios tendo como alvos agências dos Correios, bancos e a até os próprios guardiões da segurança, os policiais, bandidos matam dois policiais e aterrorizam oito municípios do mapa potiguar, que se assemelha a um poderoso elefante enfraquecido pela falta estratégia na segurança pública.

Essa fraqueza sobressai quando o Estado não é capaz de promover a segurança dos agentes encarregados de aplicar a lei, portanto incapaz de promover a segurança da sociedade.

Relato comparado

A ação dos bandidos poderia ter sido controlada se houvesse maior investimento na segurança, nos equipamentos, no treinamento dos policiais e na ampliação dos quadros efetivos de pessoal, “ampliação” estabelecida em concurso, não reposição, nada acima da capacidade gestora.

Dias 3 e 4 de setembro de 2012, da tarde de um dia para manhã do seguinte, criminosos se empreitam numa trajetória de crimes cujo clímax antecipado se deu com o assassinato de dois policiais civis durante uma troca de tiros.

A vida do assaltante perdida no confronto com a polícia não pagou a vida de um dos policiais mortos e nem o perigo potencial da sequência de eventos gerada à sociedade sujeita à insegurança.

Próximo da Capital

Bom Jesus e Lagoa de Pedras, 46 km e 50 km de Natal respectivamente. Assalto a agências dos Correios.

São José de Mipibu, 52 km da capital. Morte de dois policiais civis, provavelmente por não terem condições de reação devido a sua inferioridade numérica, seus armamentos, sua falta de proteção balística e sua viatura de porte inadequado para a região onde trabalham. Jovanez de Oliveira Borges, de 39 anos, e Antônio Pereira Pinto Neto, de 48 anos, foram atingidos por dois tiros de fuzil. Marcos Aurélio Amador Alves, fugitivo da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, RN, morreu durante confronto. Ele foi membro de um famoso grupo de extermínio do estado potiguar.

Taipu, 52 km da capital. Incêndio e destruição de viatura da PM. Um tenente da PM falou da que a viatura era nova e têm esperanças que a perícia técnica resolva se o incêndio foi criminoso ou não…

Distante da Capital

Serra do Mel, 251 km de Natal, no Alto Oeste potiguar, região do incansável jornalista César Alves, outro buscador de soluções para o Rio Grande do Norte. Invasão de agência do Banco do Brasil com explosão do prédio em uma ação impetuosa para levar um caixa eletrônico inteiro na carroceria de uma caminhonete.

Grossos, 326 km da capital e ainda na região Oeste. Arrombamento do prédio da Prefeitura, estrago em um caixa eletrônico do Banco do Brasil com a utilização de maçaricos para acessar o dinheiro no equipamento. Um oficial PM diz ter obtido informações de que se tratava de um bando que possuía entre 10 e 15 homens fortemente armados. E ainda assim a polícia local não conseguiu localizar essa quantidade de homens, seus equipamentos, veículos e nem uma descrição?

Rafael Godeiro e Várzea, 334 km e 94km de Natal respectivamente. Assalto à agência dos Correios.

E não conseguem fazer ligação entre esses crimes.

Crimes sem Ligação

Afirmar que os crimes não possuem ligação ainda é cedo.

O modus operandis, método de ação dos criminosos, pode ser visto assim:

Critério de escolha de cidades: sem ou pouca polícia civil, por isso sem investigação, efetivo da polícia militar inadequado para o policiamento ostensivo e muito menos para fazer as vezes de polícia judiciária;

Meio empregado: veículos utilizados, armamento escolhido, sempre acima da capacidade de reação obviamente estudada com antecedência;

Facilidade de obtenção de lucro: sempre considerada levando-se em risco a proximidade da capital, para a possibilidade de reforço, ou a distância, para o ocultamento e fuga;

Ação privilegiada: sem receio da polícia cuja representação é pífia tanto em quantidade quanto em equipamento;

Objetivo do crime: sempre agências dos Correios ou Caixas Eletrônicos desguarnecidos.

Ainda tem a origem dos criminosos, a região e o meio de fuga, supressão dos meios de reação da polícia como a queima de viaturas e vários outros que definem técnicas do crime organizado, ou de quem já esteve naquele meio, que tem sua existência constantemente negada no Rio Grande do Norte até pelos gestores de segurança Pública.

A resposta está aqui dentro.

Existe solução para o estado elefante parar de arrastar suas poderosas patas como um animal fraco. Ele deve ser revestido da couraça paquidérmica de proteção que é o aparato policial adequado, que deve ser usado para proteger aqueles que habitam em seu interior e não para impedir que esses cidadãos se manifestem contra arbitrariedades como aumentos abusivos de passagens e impostos.

Temos fontes poderosas e escancaradas de soluções:

Os suplentes da polícia militar que ainda aguardam uma solução para a situação deles;

Os concursados da polícia civil que ainda aguardam suas nomeações;

Os suplentes do mesmo concurso da polícia civil, que já deveriam estar também trabalhando, já que se as nomeações realizadas foram vinculadas às aposentadorias e demais vacâncias existentes até suas publicações, alcançando, inclusive, várias ocorridas após a abertura do edital. Números que não contemplam as vagas “criadas” para o concurso, gerando direito subjetivo desses homens e mulheres à nomeação.

A sociedade potiguar está com medo da “segurança pública”. Por um lado um aparato para manter a ordem durante manifestações, por outro lado uma presença inexpressiva e sem condições nem de se proteger.

Apesar de compartilhar o anseio da sociedade de ver essas soluções claras utilizadas, temo que as nomeações feitas em pequenos grupos como as que estão sendo praticadas e cujos efetivados são pulverizados pelo interior do Estado numa aparente interiorização, levem esses candidatos que já aprendi a estimar, para um fim indigno de suas existências nas estradas da morte.