Search
Close this search box.

ANALizando Freud

Compartilhar conteúdo:

Do blog “Inferno Escroque” 

E quando você pega um texto mal fotocopiado e ao invés de eu (porque tem umas partes apagadas das palavras), você lê cu? E quando é de um livro de Freud?

Lendo uma edição fuleira, xerocada e mal traduzida d’O mal-estar na civilização, uma das obras mais conhecidas de Freud passei por um “eu” que tinha o “e” meio apagado e acabei por ler “cu”, resultando na frase:

“Normalmente, não há nada de que possamos estar mais certos do que do sentimento do nosso cu, do nosso próprio ego.”

Na primeira leitura pensei: realmente não seria nada de anormal um caba com a fama do Freud usar termos dessa estirpe em seus textos; já lendo esculhambadamente, mas não sem uma lógica que a própria psicanálise freudiana nos oferta, resolvi na brincadeira acrescentar um “r” imaginário a cada “ego” que me deparasse no decorrer da leitura, lendo “rego” (releia a frase acima em aspas com r antes do ego).

O resto do parágrafo acabou por virar um culto tratado sobre sodomia; talvez uma contribuição freudiana sobre a fase anal adulta.

Segue o trecho transcrito de uma fotocópia podre e com um ‘r’ imaginário antes de cada ego.

“Normalmente, não há nada de que possamos estar mais certos do que do sentimento de nosso cu, do nosso próprio [r]ego. O [r]ego nos aparece como algo autônomo e unitário, distintamente demarcado de tudo o mais. Ser essa aparência enganadora – apesar de que, pelo contrário, o [r]ego seja continuado para dentro (!), sem qualquer delimitação nítida, por uma entidade mental inconsciente que designamos como id, à qual o [r]ego serve como uma espécie de fachada -, configurou uma descoberta efetuada pela primeira vez através da pesquisa psicanalítica, que, de resto, ainda deve ter muito mais a nos dizer sobre o relacionamento do [r]ego com o id e com o cu. No sentido exterior, porém, o [r]ego de qualquer modo, parece manter linhas de demarcação bem claras e nítidas [as pregas?].

Há somente um estado [homossexualidade?] – indiscutivelmente fora do comum, embora não possa ser estigmatizado como patológico – em que ele não se apresenta assim. No auge do sentimento de amor, a fronteira entre [r]ego e objeto ameaça desaparecer [alguém está querendo dar o redondo]. Contra todas as provas de seus sentidos, um homem que se ache enamorado declara que ‘eu’ e ‘tu’ são um só [encaixaram-se]. (…) A patologia nos familiarizou com grande número de estados em que as linhas fronteiriças entre o [r]ego e o mundo externo se tornam incertas, ou nos quais, na realidade, elas se acham incorretamente traçadas. Há casos em que partes do próprio corpo de uma pessoa (…) lhe parecem estranhas e como não pertencentes a seu [r]ego; há outros casos em que a pessoa atribui ao mundo externo coisas que claramente se originam em seu próprio [r]ego [achar tudo uma merda] e que por este deveriam ser reconhecidas. Assim, até mesmo o sentimento de nosso próprio rego está sujeito a distúrbios [viadagem], e as fronteiras do rego não são permanentes [ou seja, foram-se as pregas].”