Micarla de Sousa fez mudanças em dez secretarias do município. Já são mais de 50 alterações durante o período em que esteve a frente da prefeitura. Cerca de um secretário novo a cada 20 dias.
Porém, o mais importante dessa vez foram as exonerações em massa. Todos os secretários adjuntos e chefes de setor foram demitidos.
A medida drástica esconde uma intenção que, para alguns, não é nada interessante. A prefeita quer que todos cargos comissionados de segundo e terceiro escalões “renovem” a fidelidade para com o projeto do Partido Verde.
Segundo funcionários da prefeitura, só serão readmitidos aqueles que prometerem trabalhar para os vereadores do PV durante a campanha municipal e para a prefeita, caso ela se candidate (cenário cada vez mais improvável).
É fundamental analisar a situação sem moralismos. Um partido quando ganha uma campanha preenche os cargos do estado com aquelas pessoas que ele acha conveniente. Afinal, os funcionários da prefeitura têm de representar o projeto político vencedor, que no caso foi o Verde. O partido vencedor governa e isto inclui a indicação das pessoas de confiança que irão ocupar e gerenciar o Estado. Faz parte da democracia.
O PSDB, apesar de reclamar de que o PT indica membros do partido da estrela vermelha para os cargos federais, também fez o mesmo quando foi governo. Na verdade, seria estranho se acontecesse de outro modo.
Porém, demitir todo mundo para cobrar fidelidade soou estranho. Expôs a total ausência de organicidade do projeto político da prefeita, do seu partido e das demais agremiações que fazem parte da gestão municipal.
Colocar todo mundo para fora com a intenção de “renovar a aliança” trouxe a ideia de que, até o presente momento, ninguém estava se comprometendo com o projeto político da prefeita. E sem projeto político uma gestão navega como uma nau dos loucos.
Ficou parecendo chantagem. Mas com Micarla de Sousa é sempre assim. Ela se move com a delicadeza e com a astúcia política de um elefante em um pequeno kitinete lotado de objetos de vidro.