Do blog de Daniel Dantas (blogdodanieldantas.blogspot.com)
A Tribuna do Norte de hoje publicou um resumo dos documentos que obtive junto ao MP e que eles também obtiveram.
Estranhamente, no entanto, o jornal protegeu a prefeita Micarla de Sousa (PV) e a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) das implicações dos depoimentos de Francisco Assis Rocha Viana, que não foi citado pela reportagem e onde sabemos que Micarla recebeu R$ 1 mil de Assis, e do ex-secretário Domício Arruda. Domício deixou claro em seu depoimento que as decisões em favor da Associação Marca foram tomadas pela governadora Rosalba Ciarlini, com o aval do Procurador Geral do Estado, Miguel Josino. Isso não aparece no texto da Tribuna, que omitiu de seus leitores o conhecimento dessa informação – grave e presente no depoimento de Domício.
Antônio LunaSegundo o MPE, o secretário tinha conhecimento das fraudes na secretaria Municipal de Saúde (SMS). Foi afastado das funções e chegou a ser preso, porém, quatro dias depois, foi solto. Antônio Luna foi ouvido pelo promotor Antônio de Ligório Bezerra Júnior no dia 27 de junho. Durante o interrogatório, o secretário afirmou que não era o responsável pelos pagamentos da Marca, “porque os pagamentos são descentralizados e realizados por cada secretaria”, disse.
Luna afirmou ainda que não tem conhecimento de como a Marca chegou a Natal e não sabia que o Governo do Estado teria interesse de levar a empresa para prestar serviço ao Estado.
Durante a Operação Assepsia, o MPE divulgou um diálogo entre Antônio Luna e Bruno Macedo, ex-procurador Geral do Município. Na conversa, eles falavam sobre a suposta intenção do Governo do Estado em assumir a UPA de Cidade da Esperança. No interrogatório divulgado ontem, Luna disse que “não se lembra especificamente do diálogo e supôs que quem estava por trás da tentativa de tirar a UPA do Município era Alexandre Magno”.
Thiago Trindade
O ex-secretário municipal de Saúde também foi interrogado no dia 27 de junho pelo promotor Antônio Ligório. Thiago Trindade afirmou que “toda a formalização dos processos de qualificação do Ipas [Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde para a gestão da Upa de Pajuçara] como organização social e de contratação do Ipas foram elaboradas por Alexandre Magno”. Thiago afirmou ainda que “o adiantamento de valores previstos em cláusula do contrato foi previamente por Alexandre Magno sob o argumento de que o adiantamento estava previsto em lei e era praticado em outros locais do país”. O ex-secretário explicou também que o dinheiro encontrado na casa dele (cerca de R$ 7 mil) “é fruto de pequenas economias e saques feitos diariamente de suas contas bancárias”.
Antônio Carlos de Oliveira Júnior (Maninho)
Um dos fundadores da Marca, Antônio Carlos Júnior foi interrogado pelos promotores Afonso de Ligório e Flávio Sérgio Pontes no dia 27 de junho. No depoimento, Maninho afirmou que “realmente aconteceu um episódio em que Alexandre Magno esteva para se hospedar no Sheraton Hotel [no Rio de Janeiro/RJ], com sua esposa, Anna Karina e a sogra do procurador. O cartão de Alexandre não estava sendo autorizado e ele telefonou para Rosi [esposa de Maninho] e pediu para solucionar o problema”. Maninho conta que foi ao hotel e passou o seu próprio cartão, no valor, “salvo engano”, de R$ 3 mil.
Domício Arruda
O ex-secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, foi ouvido na última sexta-feira. Na declaração apresentada pelo MPE, Domício revela que “existiu o compromisso do Governo contratar a Marca. O contrato, assinado no dia 29 de fevereiro de 2012, foi redigido por Alexandre Magno”. Segundo o ex-secretário, Alexandre passou a frequentar a secretaria Estadual de Saúde (Sesap) em junho de 2011 e foi ele quem o apresentou Tufi Soares [suposto chefe da organização].