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Via Costeira: um espaço para ser privatizado?

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A Via Costeira é a menina dos olhos de empresários e alguns políticos, seus lobbystas. Explorada inicialmente na década de 1980, a distribuição de terrenos foi uma verdadeira farra – lotes concedidos sem nenhum critério, muito dinheiro público, via BNDES, e pouco retorno social explicitado. Até hoje, os antigos contratos não foram devidamente analisados, passados à limpo.

Agora, mais uma vez, aqueles que enxergam o RN como a extensão do seu quintal, querem entregar o restante da Via Costeira, numa atitude que poderíamos chamar de “pouco republicana”.

Porém, impedidos por um parecer, resultado de um conjunto de estudos produzidos pela Secretaria do Patrimônio Público, IDEMA, IBAMA, Semurb e AGU, que considerou a Via Costeira uma Área de Preservação Permanente, montaram toda uma estratégia de convencimento ideológico para apresentar a entrega da região como algo positivo.

Na narrativa deturpadora dos fatos, o radical é aquele que quer manter espaços públicos para uso coletivo. E o moderado é justamente o que cultiva uma visão predatória da natureza e privatista da cidade, como se a cidadania não implicasse frear, em muitos momentos e a favor da manutenção da res publica, os ímpetos do mercado. Isto sem mencionar toda a baixaria mobilizada para desqualificar o IBAMA-RN, que vem atuando em prol da defesa do meio ambiente e da sociedade.

Alias, para ser correto com a questão, a ausência de critério na ocupação da Via Costeira é, inclusive, anti-mercadológica, já que o nosso turismo é puxado pelas chamadas belezas naturais. E os novos investidores querem, justamente, ocupar os terrenos com maior atrativo paisagístico. Nessa lógica, o morro do careca só poderá ser visto por quem tiver dinheiro para se instalar num hotel. Tudo se resumirá a muros de concreto e aço escovado.

Pouco importa se há falésias, dunas e lençóis freáticos. Pouco importa se o alojamento de mais hotéis na área aumente, consideravelmente, o risco da entrada de água salgada no manancial subterrâneo de água doce e de ótima qualidade, que abastece a casa dos natalenses, tornando descartável o uso dessa riqueza natural. É irrelevante a possibilidade de contaminação da água.

Tudo é secundário, menos o entreguismo. A APP, que só pode ser utilizada para atender um interesse social, conforme legislação nacional, deve ser repassada para os hoteleiros e seus empreendimentos privados.

O natalense não conhece a Via Costeira. Até o presente momento, inclusive, não foram feitos os acessos para que os cidadãos utilizem aquelas praias e desfrute das paisagens e belezas naturais de sua cidade. Alias, os hoteleiros que ali já se encontram, numa visão higienista, impediram a entrada de transporte público coletivo. Ônibus? Só o necessário para transportar funcionários.

Assino embaixo da frase do jornalista @FabioFariasF: seria mais honesto se colocassem logo uma placa de vende-se na entrada do RN. Faria mais sentido com a política local.

Para ser bem sincero… Não duvido. Resta saber se o natalense irá aceitar.

DO TWITTER DE @FABIOFARIASF

“De São Paulo, recebo a notícia: além de cagar para a Via Costeira, Rosalba ainda negocia para ocupar o lugar com o Cassino MGM”.