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Micarla de Sousa: de fenômeno a zumbi político

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Mais da metade do eleitorado natalense escolheu, em 2008, a então deputada estadual e apresentadora de TV, Micarla de Sousa, como prefeita de Natal.

Foi um fenômeno. A eleição dela desbancou a deputada federal Fátima Bezerra, que tinha o apoio do atual ministro Garibaldi Alves e da ex-governadora Wilma de Faria.

Ela chegou, inclusive, a ser cotada para vice-presidente na chapa de Marina Silva do PV. Havia quem já apostasse em Micarla como uma possível futura governadora do RN.

Quatro anos depois, a tragédia política se consolidou. Nem o mais pessimista dos opositores de Micarla poderia supor que a situação da prefeita fosse tão desastrosa.

Nove em cada dez natalenses reprovam a gestão.

A rejeição eleitoral está na casa dos 70%.

Isso construído numa administração que derrapou em tudo: da saúde, principal bandeira, à cultura. Dos serviços urbanos, ao turismo.

O desastre foi tão grande que, dois anos de iniciada a gestão, Micarla já governava sozinha.

Aliás, sozinha não, com forte apoio da Câmara Municipal que, alheia ao que acontece na cidade e com uma ânsia por cargos e favores políticos, sustentava a administração da pevista.

A Câmara, única aliada, segurou a prefeita na maior crise política de Natal nos últimos anos, quando ela enfrentava constantes protestos populares exigindo a saída dela do cargo.

A crise culminou numa ocupação de 11 dias no parlamento municipal e na abertura de uma comissão especial de inquérito para investigar supostas irregularidades da prefeita.

Investigações estas que foram engavetadas pela ampla maioria dos aliados da prefeita na Câmara Municipal. Uma pizza assada e servida.

Mesmo assim, a rejeição só subia.

A situação da prefeita ficou tão insustentável que, além da impossibilidade de cogitar uma reeleição, o partido não conseguiu indicar um sucessor.

A extravagância foi a tal ponto que o nome cogitado, do ex-deputado Luiz Almir, exigiu, por exemplo, que Micarla não subisse no palanque dele, caso fosse de fato candidato.

Luiz Almir acabou negando a proposta.

Sem candidatos, agora ela enfrenta a Operação Assepsia, que prendeu seu secretário de planejamento, Antônio Luna, acusado pelo MP de operar um “balcão de negócios” e o ex-secretário Thiago Trindade, por supostos desvios de recursos na área que ela prometia melhorar: a saúde.

A operação motivou a nova bancada oposicionista um pedido de impeachment da prefeita.

Se, no ano passado, ela ainda tinha condições de negociar apoio, hoje, completamente isolada, a situação é outra e há uma possibilidade que o impeachment ocorra.

Serão poucos os vereadores que querem ligar o nome deles à prefeita Micarla, em pleno ano eleitoral.

Pelo contrário, a maioria vai usar um falso verniz de parlamentar opositor ao governo para os eleitores, apesar de poucos terem sido, de fato, opositores.

Derrubar a prefeita num momento como esse é oportuno politicamente para quem a defendeu quando ela distribuía cargos e influência aos vereadores. Agora que, de uma forma, ou de outra, ela vai sair, é melhor ficar na fita como opositor.

O fato é que Micarla se transformou em um zumbi político, uma morta-viva que ninguém quer proximidade, com medo de infectar a rejeição.

Sem apoios, sem cargos e agora com uma denúncia de corrupção grave nas costas.

A prefeita se condenou a um limbo político mais profundo que o ex “pior prefeito da cidade” Aldo Tinoco.

De futura governadora do Rio Grande do Norte, Micarla projeta-se agora, no máximo, ao cargo de pastora de alguma igreja neopentecostal.

Politicamente está morta.