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Terceirização da saúde de Natal: a alegria de alguns vem custando caro

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A Carta Potiguar produziu inúmeros textos críticos sobre o modelo de terceirização tocado pela prefeitura municipal do Natal.

O método de gestão sempre nos pareceu inconcebível.

Bem, vamos veicular novamente alguns deles.

 

Terceirização da saúde de Natal: a alegria de alguns vem custando caro, de 21/03/2011

 

Não me impressiono com mais nada vindo da prefeitura do Natal. Sendo eleita com o discurso do governo empresarial e da gestão eficiente, Micarla de Sousa vem operando um verdadeiro desmonte do estado, através de ações administrativas extremamente deletérias para o erário.

Na famosa cidade do sol, setores fundamentais da saúde foram terceirizados, o que já foi, em várias capitais, considerado inconstitucional – só o estado pode e deve manter a saúde pública. Não pode ser desempenhada por outra esfera.

As Upas (Unidades de Pronto Atendimento), tão comemoradas por alguns, não atendem as especificações necessárias para o funcionamento de uma unidade de saúde. Os galpões não têm condições físicas. Esta conclusão não é minha, mas dos profissionais da saúde, professores da UFRN, além das instâncias competentes. Em Recife, para citar apenas uma cidade, pelo motivo elencado, este modelo já foi totalmente varrido do mapa.

Mas quando vemos o modo como a prefeitura do Natal organizou a confecção dos exames laboratoriais, percebemos que estamos diante de um absurdo. De algo totalmente inconcebível.

Uma empresa foi contratada para fazer os exames do Sandra Celeste, Zeca Passos, Hospital dos pescadores e Cidade da Esperança. Algo por si só já questionável, dado que o município tem estrutura física, recursos humanos e material necessário para empreender esta atividade. E se tem e precisa manter toda esta estrutura, não precisaria, em tese, terceirizar, já que, mesmo que repasse essas funções para a dita iniciativa – é fácil ter iniciativa com um contrato gordo e vantajoso com o município garantido – privada, terá de conservar sua estrutura física, os salários dos profissionais concursados e o maquinário.

Porém, o negócio beira o inimaginável quando se sabe que a empresa não usa apenas instalações próprias, utiliza a estrutura física do município, os profissionais da saúde da prefeitura e, de quebra, o maquinário dos laboratórios públicos.

Qual o custo que ela tem? Ela arca com o custo dos reagentes, com impressão dos resultados dos exames e “gerencia” o sistema.

Sabe quanto custa o reagente para fazer um exame de glicose?! 0,02 Centavos.

E um exame parasitológico? Gasta-se apenas com água corrente. Sim, com o H2O que sai da minha e da sua torneira.

E aí vem o mais intrigante: esta empresa recebe R$ 450 mil reais por mês para prestar o “oneroso” serviço.

Enquanto que os profissionais da saúde, se sentindo humilhados com a situação, tentam se transferir para o estado, a empresa vencedora passou a patrocinar vários blogs de política ligados a prefeitura de Natal e a promover coquetéis com a presença mais do que confirmada de autoridades públicas municipais.

Se a teoria administrativa diz que a terceirização deve ser utilizada para reduzir custos e aumentar a qualidade – algo por si só questionável -, no município ela é empregada para justamente produzir o seu contrário.

Tudo isto ocorrendo com o silêncio ensurdecedor das instâncias que poderiam acabar com esta farra.

A alegria de alguns vem custando caro.