O secretário de governo tem vida difícil. Como também homem de partido e de grupo político, tem de aguentar o tranco para que o líder da administração/partido político se mantenha preservado. Em qualquer situação adversa é o nome do chefe da pasta questionada que deve entrar em xeque, pois antes a má avaliação de um secretário do que a do prefeito/governador/presidente. Antes a queda de um indicado do que fendas no navio governista. É a chamada realpolitik.
Estranhamente, não é o que acontece na gestão Micarla de Sousa. Ao ver os pronunciamentos e entrevistas dos membros de primeiro escalão, não é incomum ouvir frases do tipo: “o meu projeto…”, ou “eu trouxe isso para Natal…”.
Alguns secretários de Micarla de Sousa criaram uma total inversão de valores. Os pontos positivos vêm da pasta. E os negativos? Que debitem na conta da prefeita.
Mais um exemplo de que o problema de Micarla de Sousa não é de comunicação. Alias, ela já utilizou, segundo os especialistas da área, o que há de melhor no mercado publicitário local e nacional.
E o entrave não é apenas administrativo. É administrativo, mas também político. Falta jogo de cintura para desamarrar os nós e sobra inexperiência para se relacionar politicamente com a sociedade. É um partido que é de fato verde.
A prefeita, além disso, não seguiu a máxima política de não levar a sério a conversa das dezenas de aduladores que costumam rodeá-la. Preocupados em se manter próximos a prefeita, alguns assessores e secretários não economizaram durante toda a gestão quando o assunto era inflar o ego da líder do PV.
A borboleta, deslumbrada com o poder e com sua, inegavelmente, impactante vitória ainda no primeiro turno, acreditou que era uma nova líder e que poderia prescindir de apoio político. O modo como tratou o seu então secretário de planejamento a época, Augusto Viveiros, liderado de José Agripino, um dos seus principais mentores políticos, mostra um pouco como a soberba cegou a prefeita e seu grupo.
Micarla imaginou que era só deixar a vida lhe levar que tudo estaria resolvido. Próxima governadora e até futura vice-presidente foram as teses que seus bajuladores levantaram como caminhos naturais para a atual prefeita.
A tese espontaneísta se mostrou totalmente errada. Na verdade, um grande desastre. Para ela e para os natalenses.
Micarla, que não tentará a reeleição, servirá como um bom estudo de caso para as próximas administrações… da política.