Uma padaria do bairro de Petrópolis foi assaltada. O crime deixou três feridos e alimentou um rastro de pânico que ganhou os jornais, redes sociais, blogs e outros canais. Chegaram a fazer, inclusive, uma corrente no twitter para espalhar os rostos dos bandidos.
A histeria se alastrou como pólvora queimando alimentada pelas “teses” recheadas por chavões: “a criminalidade atinge índices alarmantes”, e/ou que “bandido bom é bandido morto”.
É a típica visão de parte da classe média e elite natalenses funcionando. A concepção que tende a considerar importante apenas aquilo que acontece no “lado sul” da cidade.
Que defende a regulamentação do uso dos Parrachos de Pirangi somente quando os “populares” começam a invadir a praia dos donos de lanchas.
Que olha atravessada para os ônibus coletivos transitando pelo litoral sul. “Pirangi presta mais não. Tá passando ônibus coletivo aqui”, me disse um amigo certa vez, apontando com o bico que fazia com a boca para uma família que lanchava na areia da referida praia.
Que só lembra do cajueiro quando tem de transitar por ali. Não poderíamos discutir todos os apelos sazonais contra o cajueiro com um “cortem essa árvore que quero passar”?!
Que usa a palavra “misturado” para todo e qualquer espaço que não seja, continuando no vocabulário que se assemelha com limpeza social, “mais elitizado”.
E aí, tentando romper com essa visão, vale perguntar: quantos assaltos similares ocorreram, só esta semana, nas zonas norte e oeste?
E o pânico?
Cadê os jornais, editoriais, correntes desesperadas no twitter, etc?
No máximo, patrulha policial…
PS. O tema de um assalto a uma padaria não é desimportante. Só penso que Natal não começa em Ponta Negra (esqueçam a vila daquela praia) e não termina nos cafés e shoppings de Petrópolis (com, para essa visão, algumas ilhas dispersas de civilização).
Um pouquinho de (uma outra) visão de conjunto faria bem e arejaria mais a discussão..