Já se passaram quase cinco anos desde que a TV Digital foi implementada no Brasil, trazendo a promessa de uma revolução sem precedentes no setor. Apesar de estrear já com dois anos de atraso, as imagens em alta definição, com qualidade impecável, acabariam com os problemas de sintonia nos lares brasileiros trazendo de lambuja um som igualmente de alta qualidade, mobilidade e uma cobertura ampla por todo o território.
Além disso, a TV digital trazia a promessa da tão sonhada interatividade, onde os telespectadores sublimariam seu papel passivo e se tornariam também produtores de conteúdo. Nesse aspecto, o Brasil tinha destaque, prometendo níveis de interatividade que nem EUA e Europa possuiriam, tendo como cartão de visita a plataforma Ginga e um padrão de transmissão próprio, reconhecidos internacionalmente.
A possibilidade de se enviar várias camadas de informação além do áudio e vídeo era motivo de atenção, pois proporcionaria uma programação com maior riqueza informativa e consumo diferenciado: poder gravar e pausar programas ou dar feedback para as emissoras, por exemplo.
Mas infelizmente pouco ou quase nada dessas promessas se concretizaram. O conteúdo em alta definição no Brasil ainda é limitado e as possibilidades de explorar o modelo esbarram na falta de investimento das emissoras. Apenas a RedeTV possui uma grade 100% produzida em HD (exceto os programas independentes), as demais apenas conteúdo parcial que podem variar de formato dentro do mesmo programa. Isso acarreta o constante achatamento da imagem, pela diferença de proporção de tela. O sinal também não é dos melhores, apesar da expansão de cobertura ser digna de nota, qualquer chuva faz o sinal de alguns canais desaparecer completamente em muitas localidades.
Isso demonstra problemas técnicos e estratégicos que fazem com que a adesão a TV Digital seja baixa. Nesse período o sistema já deveria ter mostrado avanço maior, já que o sinal analógico vai ser desligado em 2016. Mas nada disso se compara ao fiasco da interatividade. Apenas alguns experimentos pontuais de interação, sem maior repercussão, representam o modelo implementado no Brasil, que basicamente não saiu do papel. Um cenário estranho e contraditório para um país que investe bastante em pesquisa na área, mas que não vê seus frutos tornarem-se realidade para o publico. O preço alto dos equipamentos e a necessidade de um canal de retorno via internet são apontadas como as maiores dificuldades.
Paralelamente, grandes companhias estão correndo atrás do negócio de forma particular. A Samsung lidera o mercado de Smarttvs, e gigantes como a Apple e o Google também pretendem explorar essa seara: televisores que se conectam a redes sociais, serviços de vídeo on demand, interface arrojada, transmissão por I.P., conexão com dispositivos moveis e etc. Toda sorte de elementos que permitem uma experiência interativa de alto nível. Apostas que podem lançar a TV Digital para o limbo de vez.
As empresas de TV no Brasil precisam acordar para os benefícios da TV Digital, sua capacidade de melhorar o conteúdo veiculado, e as reais necessidades de sua implantação. As estratégias precisam ser azeitadas para conquistar o publico. Medidas de incentivo para adoção do Ginga em aparelhos de TV produzidos n Brasil, como essa, precisam ser multiplicadas. Assim o Brasil vai abraçar de vez seu papel de pólo produtor e excelência em TV Digital, e o sonho não será chuviscos monótonos em full HD.