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Questionário para isenção de taxa do ENEM reproduz machismo

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Ao que tudo indica o INEP deixou passar uma pergunta ultrapassada frente às novas demandas e exigências sociais. Explicamos melhor. A diversidade sexual sempre existiu. Os indivíduos sempre relacionaram-se das formas mais diversas independente de nascerem com pênis ou vagina, porém, devido uma série de transformações sociais a heteronormatividade conseguiu impor-se como padrão “natural” por algum período. No entanto, com o fortalecimento dos movimentos sociais e os avanços no campo das várias ciências constatou-se que o ser humano é diverso sexualmente e que não há problema algum nisso.

Neste contexto a noção de família ampliou-se enormemente. Neste novo mundo é normal que duas mulheres casem-se. Neste novo mundo é normal que uma mulher sustente uma casa sozinha. Para o grande espanto de muitas filhas e filhos, existe no questionário de isenção da taxa do ENEM a seguinte pergunta: “Até que série seu pai ou homem responsável por você estudou?

Podemos denominar este tipo de situação como “machismo estrutural”. Provavelmente o questionário passou por vários revisores e revisoras. E mesmo assim a gafe passou invisível. Não é que as pessoas são exatamente ruins. Elas apenas não conseguem perceber bem a violência institucionalizada. Pode-se dar vários nomes para isto. Desde cristalização da realidade à banalização do mal. O que importa é que existem estruturas tão fortes que reproduzem a violência simbólica mesmo entre aqueles responsáveis pelos questionários da prova mais séria da nação. Isto não demonstra a inaptidão dos profissionais. Demonstra, isto sim, a forma do machismo estrutural atuar e toda invisibilidade da desigualdade e sua capacidade de passar desapercebido mesmo diante os olhos mais preparados.

O primeiro alerta que tomamos conhecimento foi feito por duas discentes do 3º ano da Escola Estadual em tempo integral de Nível Técnico Walfredo Gurgel, localizada na cidade de Natal no Rio Grande do Norte. Depois disto, pelas ruas os burburinhos da vexante situação espalham-se com tom de espanto e vergonha já que o exame sempre respeitou a diversidade. Caso argumente-se que este tipo de falha sempre ocorreu nos questionários… é válido dizer: estamos cada vez mais criteriosos. E isto é virtude e não vício. O vídeo do texto contempla a triste descoberta feita na tarde de 17/04/20023.

Enfim é isto.