Todo mundo deveria ser o próprio café do qual precisa, mas não é assim. Insistimos, de maneira romanticamente boboca, que alguns seres podem nos fazer feliz. Quando estamos adoentados, chegamos ao absurdo de dizer que o outro é nossa melhor parte. Quê?
Sabe, cá entre nós, acho que está bom, já está na hora de as sociedades ocidentalizadas tomarem vergonha na cara e viver a vida como ela é. Essa coisa de buscar felicidade em outras pessoas e em objetos não tem sentido algum. Primeiro porque a felicidade não existe, segundo porque se existisse, não seria nem no outro ,nem em objetivos que se encontraria.
Não sabeis vós que deus é espírito e que, portanto, importa que o adoremos em espírito? Não sabeis vós que somos templos do espírito santo e que, portanto, tanto também somos deuses? Não sabeis vós que onde estiverem dois ou três reunidos, no meio deles deus estará e que isso é a verdadeira religião? Eis a verdadeira fundamentação do cristianismo de Jesus – não confundir com o cristianismo de Saulo, ali de Tarso.
São dois mundos e duas vantagens eivadas de desvantagens: os orientais, de modo geral, buscam pela transcendência do espírito, que significa a dissolução do ego, enquanto os ocidentais buscam pela cristalização de suas individualidades. Ambas as visões de mundo carecem de doses de realidade, pois, o mundo da vida sempre tende a nos frustrar – é de sua natureza!
[é importante dizer que o dito acima padece de mais informação; é só preconceito. Quem sabe, um dia eu descubra até que ponto o capitalismo entrou no DNT de outro povos!].
O que ambos têm em comum é a busca pela felicidade, que sempre está no outro, nas coisas e – acrescento – em outro mundo.
Esse tipo de escapismo nem combina mais com nossa realidade. Qualquer pessoa com entendimento básico de mundo sabe que a prática socialista, bem como a prática capitalista trouxeram benefícios e malefícios às sociedades em que se fizeram presentes – é importante dizer que, no balanço geral, o capitalismo tem nos proporcionado mais perdas e danos; talvez por ser mais velho que seu irmão rebelde!
Mas, voltemos ao meu pronto principal – perdoem-me, é culpa do signo; sou de Peixes, vocês já sabem como é, né?!
A sinceridade – evito o uso da palavra verdade, que é relativa –, é que não existe um deus, ou vários; as vantagens de se viver no Estado são maiores ou menores a depender de quem e do quanto dele se beneficiam; as pessoas não são complicadas, elas são simplesmente pessoas; o amor não é um sentimento, mas sim um comportamento e vamos morrer. Claro que existem outras realidades pétreas, mas essas nos bastam para projetar o óbvio: somos uma porção individual, que vive entre outras porções individuais; ninguém se basta, porém, o amor do outro não é o bastante.
Se você não for seu próprio café, outros te oferecerão “café” solúvel granulado, ou vulgo Nescafé. Essa efusão pode colorir a água instantaneamente, mas quem toma esse esse chá artificial, sabe que ele não é café de verdade. É isso, só você pode oferecer um café de verdade para si, porque você faz com gosto. Talvez, alguém te faça um bom café uma ou duas vezes, todavia, e depois disso? Pois é, você que deve passar seu café, você deve ser seu próprio café – a deontologia, não odontologia, kantiana se apoderou de mim. Socorro!
Você deve ser o próprio café de que precisa pela manhã – mas, não, não estou falando de individualismo