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Enfermagem: Sacrifício sem reconhecimento.

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A pandemia mostrou ao país a importância de possuir um sistema de saúde universal, gratuito e de boa qualidade, com bons equipamentos e pessoal qualificado e pronto para agir em situações de emergência. Mas infelizmente nunca falamos sobre a valorização desses profissionais de saúde que se sacrificam todos os dias para salvar outras vidas.

A começar pelas condições de trabalho, que muitos passaram a encontrar em maior escala durante a pandemia: hospitais ainda mais cheios, falta de equipamentos de proteção individual (EPI) tais como máscaras, luvas e toucas, além de materiais básicos do dia a dia de um hospital ou unidade básica de saúde, tipo gases, seringas, agulhas, medicações e até oxigênio passaram a ficar escassos. Nada que já não fosse precário antes do COVID19, mas deixou escancarado a deficiência do país em suprir em tempo hábil e em quantidades razoáveis esses produtos, para manter um atendimento eficiente e minimamente seguro para ambos os lados (pacientes e profissionais da saúde).

A falta de responsabilidade do Governo Federal em relação à saúde dos brasileiros e o negacionismo obscurantista do presidente são responsáveis pela morte de muitos brasileiros e brasileiras durante esse período caótico, dentro dessas perdas, o percentual de profissionais da saúde, técnicos e auxiliares de enfermagem e enfermeiros, que tiveram suas vidas ceifadas pela COVID é aterrorizante, em abril de 2021 aproximadamente seis mil desses profissionais, pais e, principalmente, mães de família, morreram na tentativa de salvar as vidas de milhares de pessoas.

Chocante também, e porque não dizer alarmante, é a baixa remuneração ofertada aos profissionais da saúde no país, com ausência total de piso salarial para área, em Natal-RN, por exemplo, o salário de um técnico ou auxiliar de enfermagem é o famigerado salário comercial, algo em torno de mil e cem reais, atingindo seus mil e quatrocentos reais quando somados insalubridade e adicionais noturnos, etc. Um valor desprezível tendo em vista a responsabilidade e importância dessa classe profissional, que é a primeira afetada em casos de emergência no país.

A senadora Zenaide Maia (PROS), apresentou o Projeto de Lei N° 2564/2020 que visa instituir um piso salarial para a categoria, o que repararia algumas incoerências históricas agregando mais valor, ainda que apenas salarialmente, aos profissionais da área da saúde. Sabemos que muitos deles se veem obrigados a cumprir até duas jornadas de trabalho para sobreviver dignamente, o que nitidamente pode afetar seu rendimento no período laboral, comprometendo a qualidade de seu trabalho.

Particularmente, acredito que essas iniciativas ainda são ínfimas perto da importância que a saúde representa para o bem-estar social de um país e seu povo, mas aos poucos é possível vislumbrar um horizonte onde os profissionais da área terão um ambiente de trabalho melhor e remunerações condizentes com a responsabilidade e valorização que a profissão demanda.