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Aha, uhu, croquete, amamos Juliette…

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Juliette, que dispensa apresentação ou referências, se tornou um fenômeno do entretenimento. Como é comum na cultura produzida em escala industrial, estão sugando até as almas de suas vidas passadas. Tudo que ela toca, faz e fala, se torna vendável. É, de fato, um sucesso de publicidade.

Aliás, antes que eu me esqueça, Juliette tem a peculiar qualidade de trazer bons frutos às pessoas somente por estarem ao seu lado. Das coisas menos relevantes para a vida, como sair ou ficar em uma disputa de Paredão, ao recebimento de presentes, quem está perto de Juliette é afetado.

Quer dizer, já, já ela pode ser comparada à crescente fértil do Nilo. Aqui, há exagero, deboche, jamais!                                 

Porém – esses caras… sempre vêm com essas orações coordenadas sindéticas adversativas –, algo mais me chama atenção nela, para além do fato de sua fama ter alcançado o cume de Babel, ao ponto de sua personalidade ter sido até sublimada em nome de sei lá o quê.

Digo, a nação inteira, praticamente, se apaixonou por Juliette, assim, meio de repente e desproporcionalmente, ao ponto de o pessoal nem mesmo se lembrar do BBB; e se se lembra, é somente porque quer assistir a sister.

Eu, que tenho acompanhado esse BBB-21 desde seu início, fiquei realmente interessado nessa euforia em torno da Juliette. Muito em razão do caguete da formação acadêmica, comecei a elaborar várias teorias para explicar as fontes desse fenômeno que chamarei de “efeito-Juliette”. Tive algumas ideias. Entretanto, preferi ir ao atual oráculo do saber, o Twitter, antes de formar minha opinião.

Algumas opiniões me pareceram muito interessantes. Aliás, eu até concordo com algumas delas, quando vejo de perto. Uns afirmaram que a Juju – sim, porque cacto que é cacto, fala logo com intimidade! – se tornou um “mito”, porque o brasileiro é carente de personalidades a quem adorar. Disseram que estamos politicamente órfãos, depois que o Messias se mostrou uma fraude – coitados dos seus fieis.

Outros afirmaram que esse alvoroço todo se dá em função do isolamento social, provocado pela pandemia. Eu também vejo verdade nisso, em partes.

Outro tanto afirma que seu sucesso se dá em razão do profissionalismo de sua equipe de administradores de suas redes sociais, que são exímios publicitários, por sinal.

Foram tantas as teorias que eu vi, que não caberiam nesse pequeno texto. As três de que mais gostei, aqui citei. Mas, como bom vaidoso que sou, prefiro minha própria teoria.

Olhando de longe, penso que a glória de Juliette se deu por um motivo relativamente simples, entretanto, pouco explorado. Para mim, as atuações dos adms, o isolamento, somados à carência do brasileiro, fez dela uma resposta social. Digo, o BBB se tornou, curiosa e estranhamente, uma vitrine do sentimento nacional. Explico. Em minha mirabolante teoria, o BBB expressa o que a nação pensa e sente através dos brothers e sisters vitoriosos.

De acordo com minha sofisticada teoria, Juliette, ganhando ou não o BBB-21, representa uma nação que voltou a valorizar o bom humor e a graça, apesar das adversidades.

Ela representa um povo que é aguerrido e tem por norte a vitória – não importa exatamente qual, desde que não seja a do Tosco –, não obstante toda humilhação e sofrimento experimentados. Me cocei para não dizer que ela representa a esperança, pois já me sinto clichê demais.

É como se Juliette fosse um tipo de anseio de quem vivenciou os efeitos do conservadorismo social, misturado com um liberalismo econômico que tem por agenda uma política de morte. É como se sua representação fosse a água de coco para uma nação ressacada, ressequida.

“Juli, Juli, Juliette, o Brasil inteiro é teu tiete” – você leu cantando, eu sei.

Acho que estou assistindo Big Brother Brasil demais, só pode.