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Mitomania: tendência de mentir compulsivamente

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Por Pablo Leurquin

A “mitomania” é considerada, pelos especialistas em psicopatologia, como a tendência de mentir compulsivamente. Proponho tratar a “Mito mania” como o fenômeno de apoio incondicional ao candidato Jair Bolsonaro, muitas vezes baseado em fake news. Essa tem sido a tônica da campanha presidencial de 2018.

Política é paixão e seria ilusão propor um debate puramente racional acerca da escolha do melhor candidato. Política é ideologia e seria inconsequente não perceber que, no segundo turno, existe uma oposição entre as duas narrativas para o Brasil. Política é o dito, mas especialmente o não dito, e seria reducionismo não compreender os contextos nacionais e internacionais, nos quais estão inseridas as eleições.

A “Mito mania” é capaz de contradizer o seu próprio herói, afinal, “a arma apontada com os dedos é só uma brincadeira”. A dúvida é: o que é verdade?

O questionamento é impactante: o funcionamento das urnas eletrônicas foi colocado em dúvida, mesmo com a aprovação da OEA. Durante o dia de votação foram criadas falsas notícias sobre fraudes, com direito a vídeos e postagens tragicômicos. Além do desrespeito com o próprio jogo democrático, o candidato a vice-presidente Hamilton Mourão também discorreu sobre as possibilidades de autogolpe. Algumas falas comprometedoras como essas foram desmentidas. A dúvida é: quem diz a verdade?

Foto: Reprodução

Existe uma oposição entre Bolsonaro e Haddad, entre o discurso autoritário e o democrático. Caso isso não seja suficiente, passemos à banalização da opressão.

A imagem é impactante: o sujeito posta nas redes sociais uma foto com a legenda “tradicional família opressora” – em tom de sarcasmo. Era um retrato de família fazendo um sinal de armas em uma festa infantil. O fato é que até crianças, inclusive de formação cristã, têm sido induzidas a substituir o poder da palavra pela força, efetiva ou simbólica, da arma. A “Mito mania” é capaz de contradizer o seu próprio herói, afinal, “a arma apontada com os dedos é só uma brincadeira”. A dúvida é: o que é verdade?

Na realidade, Bolsonaro é um Temer piorado! A dúvida é: por que não dizer a verdade?

Existe uma oposição entre Bolsonaro e Haddad, entre o discurso de ódio e o debate político. Caso isso não seja suficiente, passemos às políticas públicas.

O voto é impactante: Bolsonaro votou contra a PEC para dar mais direitos aos trabalhadores domésticos. Isso se soma à defesa da reforma trabalhista e a da PEC dos gastos públicos, propostas por Temer. Além disso, o seu candidato a vice-presidente criticou o décimo-terceiro salário. Essas constatações se somam ao flerte entre Bolsonaro e a equipe econômica de Temer – o próprio Paulo Guedes é a expressão disso. Na realidade, Bolsonaro é um Temer piorado! A dúvida é: por que não dizer a verdade?

Essas dúvidas deveriam impedir você, eleitor justificadamente amargurado com o PT, de correr para os braços do autoritarismo político, conservadorismo moral e projeto econômico excludente – que aumenta as desigualdades sociais. Caso essas dúvidas não sejam suficientes, temos uma certeza: você já faz parte da “Mito mania”.

Pablo Leurquin é Doutorando em Direito na UFMG e na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne.