Confira o relato do jornalista Raphael Luiz que esteve presente na manifestação da última quarta-feira (24), em Brasília
Foi com balas de borracha e bombas de efeito moral que Temer recebeu os trabalhadores das maiores centrais sindicais do país, na última quarta-feira (24), em Brasília. O recado do presidente foi dado pelas Forças Militares, que impediram através da opressão, que os manifestantes chegassem ao Congresso Nacional.
O ato começou pacífico pelas ruas da cidade. Quem observava as centenas de ônibus parados ao redor do estádio Mané Garrincha não imaginava o cenário de guerra que a Esplanada dos Ministérios iria se tornar em poucas horas. Em marcha com direção ao Congresso, os manifestantes são barrados por grades de ferro e pela barreira policial. Começa o confronto.
Primeiro veio o gás de pimenta. Centenas de pessoas corriam para se proteger da substância que queimava os olhos, a garganta e impedia a respiração. Depois vieram as bombas de efeito moral e as balas de borracha.
A população reagiu. Com máscaras e óculos para se proteger, montaram uma barreira com banheiros químicos e reagiram armados com paus e pedras. Estava instaurada a guerra.
Em seguida começou a depredação dos ministérios. Revoltados, pessoas quebravam as vidraças e faziam fogueiras ao redor dos prédios.
Os militares reagiram. Um dos carros de som da manifestação anunciava, que uma pessoa havia sido atingida com um tiro de arma de fogo, disparada pela polícia. Outras pessoas passavam mal e precisavam de atendimento devido a grande nuvem de gás de pimenta no ar. Dois helicópteros sobrevoavam a multidão auxiliando a polícia a dispersar os manifestantes. Caos instalado.
Um outro ato que estava marcado para começar às 19h, foi cancelado por falta de condições para sua realização. A população fugia dos militares. Mesmo depois de dispersar a multidão, a polícia continuava a agir com violência. A cavalaria da PM entrava em ação. Homens da Força Nacional cercavam a catedral do Distrito Federal. Temer encerrou a manifestação com a força dos militares, assim como se fazia em 1964.