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Delator passava senhas de saques para ex-governador

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Victor Leão

Jornalista

O ex-executivo Ariel Parente disse que era muito próximo a Iberê Ferreira de Souza, “mas não amigo. Tinha intimidade com ele”. Parente afirmou que os pagamentos continuaram após renúncia de Wilma de Faria para concorrer ao Senado Federal em 2010. Iberê assumiu o governo e tentou se reeleger naquele ano, mas sem sucesso. “Eu fornecia a senha diretamente a ele [Iberê] e os locais de pagamento”, contou Ariel.

Iberê Ferreira morreu no ano de 2014, em decorrência de complicações de um câncer. (Foto: Reprodução)

O delator informou também que, em 2010, alguns pagamentos de propina foram feitos em São Paulo, porque a loja de câmbio em Recife não tinha condições de pagar os valores. Nos vídeos, os delatores não detalharam qual o valor destinado a cada um dos ex-governadores, apenas o total para ambos.

Na primeira reunião entre Ariel e Iberê houve um impasse, porque o governo do Estado tinha atrasado os repasses para a obra da Estação de Tratamento do Baldo (ETE). “Eu fui a essa reunião e ele me solicitou uma ajuda para a campanha de reeleição dele para governador. Eu disse a ele que não podia nem levar o pleito dele pra empresa, porque eu tinha crédito a receber e ficava desconfortável eu dizer que estava querendo ajudar uma campanha de um governador quando ele estava nos devendo”, falou Ariel Parente.

Depois dessa reunião, os repasses para financiar a obra foram pagos e consequentemente o dinheiro sujo para Iberê também. O ex-diretor de contratos em Natal não sabe exatamente quanto destinou a Iberê Ferreira, mas confirma o total de R$ 1.145.000 para Wilma e seu vice entre 2006 e 2010.

Corrupção informatizada

A Odebrecht criou um sistema de informação especialmente para controlar o pagamento de propina, o Drousys. Nenhum dos recebedores era identificado pelo nome próprio. A ex-governadora Wilma de Faria tinha o codinome de “Cobra”, enquanto seu vice foi apelidado de “Hospital”.

 

A ex-governadora Wilma de Faria tinha o codinome de “Cobra”, enquanto seu vice foi apelidado de “Hospital”. (Foto: Reprodução)

Aparentemente, o sistema registrava até a morte dos seus beneficiários. Em um momento do depoimento de cerca de 13 minutos na Procuradoria da República em Natal, Pacífico diz, “ele [Iberê] morreu em 2014. Está registrado aqui”, olhando para papéis com os quais se orientava para prestar as informações.