Victor Leão
Jornalista
O atual Procurador-geral do Município de Natal, Carlos Castim, é citado na delação da Odebrecht como um dos responsáveis por receber as senhas, local e data do pagamento de propina durante o governo Wilma de Faria entre 2008 e 2010. A informação é do ex-diretor de contratos da Odebrecht para Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará, Ariel Parente. O superior dele na empresa, João Pacífico, confirma o nome do homem forte do prefeito de Natal.
Carlos Castim se defende dizendo que foi secretário adjunto do Gabinete Civil no período 2003 a 2007, primeira gestão de Wilma de Faria. No entanto, é ciência de todos que ele permaneceu no governo depois disso. A partir de 2007, Castim assume a Secretaria de Segurança Pública, visto que a governadora havia sido reeleita para um segundo mandato.
Carlos Castim só deixou o cargo de confiança depois que sua mulher foi presa durante a Operação Hígia da Polícia Federal. Isso ocorreu em julho de 2008. Ainda assim, ele nunca se afastou do grupo político de Wilma de Faria. Tanto que em 2013, quando a chapa Carlos Eduardo Alves – Wilma de Faria retornaram ao comando da Prefeitura de Natal, ele retoma ao primeiro time e toma posse como Procurador-geral do Município, onde até hoje permanece no cargo.
O estarrecedor é que até o momento, o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, preferiu fingir que não houve acusação contra seu homem forte na Procuradoria- geral do Município. Na sua conta do Twitter, preferiu desejar um genérico “feliz páscoa” aos natalenses no domingo, mesmo um dia depois de seu Procurador-geral ter divulgado uma nota sobre o caso.
Corrupção em família
A Operação Hígia acabou com um esquema de corrupção na Saúde Pública Estadual que envolvia, entre outras pessoas, Lauro Maia, filho da governadora condenado em 2013. A mulher de Castim, Maria Eleonora Castim, passou seis dias presa logo quando a operação foi deflagrada. Ela era coordenadora financeira da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) e foi denunciada pelo Ministério Público como a operadora financeira do esquema criminoso. Apesar disso, é preciso ressaltar, ela foi absolvida pela justiça. Agora, é seu esposo quem aparece!.
ATUALIZAÇÃO
Carlos Castim emitiu uma nota a respeito da citação. Confira abaixo na íntegra:
NOTA À IMPRENSA
Na manhã deste sábado (15) fui totalmente pego de surpresa pela notícia de que meu nome havia sido citado em um depoimento de um ex-diretor da construtora Norberto Odebrecht, envolvendo suposto pagamento de colaboração financeira para campanha ao Governo Wilma de Faria.
Sobre tal fato, é preciso, em respeito à verdade, aos meus colegas de profissão e de secretariado, bem como à população natalense a quem sirvo, prestar os seguintes esclarecimentos:
1 – Ouvindo cuidadosamente o depoimento do Senhor Arial Parente, ex-diretor da Construtora Norberto Odebrecht, destaca-se que: EM MOMENTO ALGUM DE SEU DEPOIMENTO, o depoente diz ter intermediado ou tratado COMIGO, a respeito de qualquer pagamento ao Governo Wilma de Faria;
2 – A ÚNICA VEZ em que meu nome é mencionado, se refere a um contexto de pessoas que TALVEZ, tivessem sido INFORMADAS sobre as senhas para liberação do suposto pagamento autorizado pela empresa. Adiante, o mesmo depoente afirma não saber quem recebeu o valor;
3 – Para melhor esclarecimento e para que nenhuma dúvida paire a respeito do que foi falado pelo depoente envolvendo o meu nome, é importante reproduzir fielmente, abaixo, a parte que se refere ao meu nome. Assim, diz o depoente:
“ As senhas e as datas de pagamento eram informadas, POSSIVELMENTE à Carlos Faria ou TALVEZ à Carlos Castim, então secretário adjunto, ou TALVEZ a outras pessoas que não me recordo.”;
04 – Ainda com relação à data em que esse suposto pagamento ou comunicação sobre a liberação das senhas e respectivo pagamento teria ocorrido, o ex-diretor afirma literalmente o seguinte:
“ Isso foi 2008. Tem 8 (OITO) anos. Nessa época eu estava com várias obras tocando simultaneamente, com muitos problemas; falta de dinheiro, obras paralisadas e… Então o Pacífico (diretor da Odebrecht) autorizou esse pagamento com a finalidade de não faltar recursos para obra…”;
05 – DOIS PONTOS desse depoimento merecem ser destacados: O primeiro é a palavra TALVEZ (ADVÉRBIO DE DÚVIDA) empregada pelo ex-diretor ao se referir à minha pessoa, assim como quando se dirige “… TALVEZ a várias outras pessoas que não me recordo”. O segundo ponto é que em 2008, eu já não era mais Secretário Adjunto da Casa Civil do Governo do Estado, função que desempenhei até janeiro de 2007;
06 – Acredito, com toda a tranquilidade de minha consciência, que a citação ao meu nome no depoimento do ex-diretor da Odebrecht, se deve, única e exclusivamente, ao fato de ter, no período de 2003 até janeiro de 2007, ocupado o cargo de Secretário Adjunto do Gabinete Civil, sendo responsável pelo acompanhamento dos problemas administrativos internos do GAC e demais Secretarias e órgãos da Administração Direta e Indireta do Governo do Estado. Assim sendo, afirmo que JAMAIS tratei de qualquer assunto de natureza política e/ou empresarial, porquanto não era da minha alçada.
Natal, em 15 de abril de 2017.
CARLOS SANTA ROSA D’ALBUQUERQUE CASTIM
Procurador-Geral do Município De Natal