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Sem Cristiano Ronaldo e Messi

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imageOntem o português Cristiano Ronaldo, vulgo CR7 foi eleito mais uma vez o melhor jogador do mundo na versão Fifa, desbancando o argentino Lionel Messi, do Barcelona, e o francês Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid. Na disputa desse ano, mesmo que os defensores de Messi digam que o prêmio deveria ser dado para quem teve o melhor desempenho individual, no caso o hermano, e que os títulos são na verdade construções coletivas, o troféu desse ano, The Best, o maioral, ficou mesmo em Portugal, com o detentor dos canecos de campeão da Champions e Mundial com o Real Madrid e da Eurocopa com Portugal.

Sobre esse tema, na semana passada, durante nosso programa semanal na FM Universitária, o Universidade do Esporte, nós antecipamos a eleição. No estúdio, debatemos e fizemos uma eleição à parte. Uma brincadeira. Afinal, qual jogador mereceria ser o melhor, na ausência desses dois monstros, Messi e Cristiano Ronaldo, do futebol moderno atual?!

E aqui abro um parêntese pra explicar essa denominação de “monstros” que utilizei. Na minha humilde opinião, os dois estão, ainda, mesmo jogando e conquistando tudo que podem nessa época, abaixo daqueles que podemos chamar sem medo de gênios do futebol: Pelé, Maradona, Zico, Cruyff, Di Stefano e Garrincha.

Mas voltando ao assunto inicial, porque essa discussão de gênio da lâmpada e monstro do lago é longa, retomo a eleição extraordinária dos companheiros de rádio. A ideia era de escolher o melhor de todos, caso Messi e CR7 não existissem ou mesmo, por acaso, tivessem ingerido uma comida estragada ou exagerado nas doses da noite anterior, e contraído sem dó uma dor de barriga daquelas que os fariam faltar a cerimônia de premiação.

Pois bem, retirados os dois monstros, houve quem votasse na regularidade do artilheiro, mordedor (literalmente) e companheiro de Lionel, Luizito Suarez. O cara é simplesmente o melhor no cenário de chacinas, a grande área sob a ótica de Eduardo Galeano. Outro lembrou o belíssimo ano do argelino Riyad Mahrez, preponderante na igualmente, fantástica, inédita e histórica conquista do título inglês do até então pequeno e desconhecido Leicester City.

Meu voto, enfim, deu destaque aos Garçons do Futebol, os caras que armam e servem. Acredito que, logicamente, os dois nunca deixariam de ser os craques completos, decisivos e diferenciados que são, mas talvez, sem esses coadjuvantes, seus números e resultados não fossem os mesmos.

Na discussão citei o alemão Tony Kross, o colombiano James Rodriguez e o croata Luka Modric, ambos do Real. Também os parceiros de Messi no Barça: Neymar e Suarez. Mas apostei mesmo no espanhol Iniesta. Que, na verdade, não repetiu o desempenho tão destacado, como em outras temporadas, mas que até hoje paga o preço de ser contemporâneo dos dois melhores do mundo.

Porque o espanhol é daquele tipo de jogador que não se vê muito no futebol atual, tão dinâmico, de muita movimentação, vigor físico, onde quase não se guarda mais posição. É o famoso garçom, jogador de classe, aquele que prepara e manda o passe açucarado, para que os atacantes possam enfim finalizar, e como disse Fernando Amaral, alimentar os sonhos de milhares de torcedores.

Aliás, jogador de classe e paletó em campo – e sem camisa nas farras, como o bailarino de barba, sumido nos últimos anos, mas sempre indignado, com ironia no sorriso e sarcasmo no olhar, de quem aprova tudo, mas sente saudades do tempo de luta pela igualdade.

Tivesse Iniesta, campeão do mundo e da Europa pela Fúria (Seleção Espanhola), nascido em outra época, teria sem dúvidas sido eleito o melhor do mundo em alguma das oportunidades em que concorreu.

Mas, pensando alto, com um timaço desses, quem danado liga pra bola de ouro, prata, bronze ou latão. Não tenho desconfiança, o maior prêmio, e eu não falo em dinheiro, tenho certeza, quem ganha somos nós que vivenciamos essa época de grandes craques, todos, invariavelmente, dignos do título de melhor jogador do mundo.