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Danço a dança da escrita, es(qu)crev(c)endo, não lembro o que ia falar, meus dedos livres nas teclas quadradas dessa noite sem fim, desse tédio imenso, dessa vida sem graça, nesse mundo tão cinza. Sambam os dedos na luz dessa tela, o toque da tecla, o som do teclado, o mesmo marasmo, a mesma vidinha, solidão que é tão minha, exposta em um arquivo, em uma mídia esquecida, documento de texto, de alguns kilobytes, é tão esquisito, escrever nesse cárcere, apagar em seguida, a pasta esquecida, o arquivo apagado, o HD formatado, para onde elas foram?

Tantas madrugadas que foram guardadas, agora perdidas, a verdade é que essas mídias não valem um papel. Talvez os meus dedos troquem as teclas pelo pincel. Ao menos na parede, a tela pintada, a madrugada perdida, as horas emolduradas, possam ser vistas, muita mais que esquecidas em um arquivo perdido.

Mas para quê isso tudo, não cabem no túmulo, para quem você mente? Talvez mostrar para essa gente que eu ainda existo, aqui nessa sala, nesse pequeno mundinho. Mas para quê isso tudo, os olhos do mundo só me enfraquecem. E qual sentido daria, para minha agonia, para esse cansaço, essa vida parada, essa angústia, essa náusea. Ofereço aos outros, não importa se vejam, não importa se leiam, só não quero aqui.

Adiante meus dedos, continue esse texto até que saia de mim, não sei bem para onde, não sei o motivo, mas me tire isso e jogue na tela. Publique em um canto que ninguém leia, coloque um título bem esquisito, deixe e esqueça, nunca releia, esse escrito maldito. Nessa grande rede, muito mais que em arquivos, talvez encontre alguém, em uma noite sofrida, após uma busca perdida, caia aqui. Assim então, essa solidão, já longe de mim, encontre alguém, o faça refém, o faça sentir, que essa dor não é só minha, mas fica menor, quando é dividida.