Ernesto,
Em dias como hoje sinto o triplo de saudade sua, o quádruplo de amor por tudo que não vivemos. Talvez por isso mesmo seja amor, né? Por não ter nunca sido.
Continuo querendo acordar às 16 horas com a sua voz como meu despertador, numa ligação daquelas combinadas pelo motivo de “me acorde para que eu possa trabalhar”, mas que na verdade, era só para ouvir sua voz como meu despertador.
Hoje eu tenho andado por corredores escuros, correndo louco, tentando saber em que porta dos desesperados você entrou. Onde, na desgraça do seu coração, meu sangue se perdeu de veia e nós estancamos.
Tem doído muito ser você – ou uma caricatura abstrata do que você foi.
Sinto falta do seu corpo sob o meu, de fugir das pessoas pra nos escondermos dentro de nós, da imensidão dos lábios – um contra o outro, um contra o outro.
Às vezes me pego numa novela e esse hiato é só um intervalo, daqui a pouco tudo vai voltar ao anormal. Que, a qualquer momento, você vai buzinar na porta da minha casa e eu vou sair de pijama pra lhe ver.
A gente dava muito certo, por isso não fomos um amor possível: todas as melhores histórias de amor nunca saem do campo das possibilidades.
Diogo.