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Carta aberta ao vereador, no qual nunca votei, Luiz Almir

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CARTA ABERTA AO VEREADOR, NO QUAL NUNCA VOTEI, LUIZ ALMIR

Senhor vereador, vou começar esta carta agradecendo a você pelas palavras proferidas na câmara ao falar para os que ali ouviam, incluindo professores e outras pessoas tão comuns, agradeço por me inspirar, pois lembrei uma frase em LATIM, que justificará meu texto. Não, não entenda LATIR, é latim, língua não vernácula, mas muito citada pelos conhecedores e estudiosos da língua. Leia isso: FACIT INDIGNATIO VERSUM.
A besta aqui, sou professora de língua portuguesa “MAGISTER SUM”, mulher, cidadã, consciente do quão desprezível é o senhor, traduzirá com propriedade o que essa frase significa, para que você, “homem”, pai, vereador, ignorante, mal-educado, preconceituoso, misógino, saiba que esses adjetivos não são força de expressão, estou exercendo o meu direito de resposta, pois como o senhor discursou na câmara, ofendendo os professores, e tem imunidade para isso, aproveito-me deste seu direito e posso respondê-lo da forma como considerar adequada, não é interessante? Sou fascinada pelas leis brasileiras quando podem ser usadas pelos cidadãos. Mas voltemos ao que interessa aqui.
Entenda, agora, como o latim FACIT INDIGNATIO VERSUM traduz este momento tão democrático de liberdade de expressão: a indignação faz o verso. Frase do poeta romano Juvenal. Eu, indignada com seu discurso, fui inspirada por ele. Absurdamente, para não dizer e já dizendo, insanamente, você diz que “podem latir, seus bestas, eu não preciso do voto de vocês”. Nós, sociedade natalense, é que não precisamos de um vereador assim. Um “homem” que se expressa de maneira chula, desprezível, ao falar de violência, que pessoas que praticam crimes merecem morrer; que ao falar sobre mulher, e não entender o adjetivo sensível relacionado a esse gênero, não entende se essa sensibilidade é na “vertical ou horizontal?”. Que ser repugnante é você? Que tenta se comunicar dessa maneira, que não sabe usar palavras de bom grado, a não ser para pedir e quase implorar por votos, e consegue, dos leigos, dos pouco informados, dos que talvez concordem com você. Quando disse no seu programa que dirigiu embriagado e admitiu que não foi pego e já tantas e tantas vezes fez isso. Você tem orgulho de dizer isso? Por quê? Que super-herói a sua pessoa acredita ser? Que ser superior vive na sua cabeça que o fez acreditar nessa ilusão de ser, você, o “homem” exemplar?
Você, Luiz Almir, desculpa-se em redes sociais que as suas palavras proferidas foram por força de expressão e, ironicamente, pede desculpas. Pura falácia! Você ainda diz que não seria capaz de desrespeitar os professores, pois sua esposa trabalha na área de educação, como pode usar um argumento desses, se além de professora, ela é mulher, e tantas vezes, você a desrespeita, ou você não sabia que ela é uma mulher? Seu vereadorzinho, o que você na câmara disse, só mostrou que você é, sabe por quê? VOLUNTAS PRO FACTO REPUTATUR, traduzindo o latim para você não ter que ir buscar no Google e perder a sequência desta carta, “intenção faz ação”. Entendeu? Isso é LATIM, viu? Mas pra você pode ser “latir”, já que você é só um “comunicador”, e se considera jornalista, nunca sentou em uma cadeira de universidade, só na de um bar, nem entende o que significa ser “comunicador”, mas talvez até o seja mesmo, esse que COMUNICA A DOR, a dor de ser tão ínfimo, a dor de ser tão incapaz, que apenas agride com essas palavras vis, na tentativa de ser ouvido, só consegue ser desprezado. Mas você precisa entender que PECTUS EST QUOD DISERTOS FACIT, em latim, mais uma vez, “o coração é que faz os eloquentes”. E isso você, realmente, não usa para tentar se comunicar, simplesmente, você aperta a descarga do seu cérebro e as palavras se esvaem. Agora, eu quero ouvir e ver você latir mais alto do que eu. Mostre-se como você é, Luiz Almir? QUIS EST HIC VIR?

Sem mais.
Séfora Cavalcante