Purismo ético nunca foi nem será projeto político. Ainda que seja importante como ponto de partida, a centralização discursiva apenas numa suposta superioridade moral tende a ocultar a falta de concepções mais substanciosas. Ou a secundarizar perspectivas, que para um moralismo que desconsidera o jogo da política, seriam condenáveis.
O PSOL, que se auto proclama o partido da ética, fecha acordos no âmbito nacional e local com o DEM. Vide a última eleição para reitor da UFRN em que o PSOL aliou o seu discurso com a chapa apoiada pelo DEM.
O negócio é mais complexo.
Veja o exemplo abaixo.
Do Panorama Político, O Globo
Atendendo a um apelo do presidente do DEM, José Agripino (RN), os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) não acionaram o Conselho de Ética no caso do líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO).
Enquanto isso…
O Globo
PF: Demóstenes Torres pediu dinheiro a Carlinhos Cachoeira
Gravações revelam que senador do DEM solicitou ajuda para despesa de táxi-aéreo
O relatório revela ainda que desde 2009 Demóstenes usava um rádio Nextel (tipo de telefone) “habilitado nos Estados Unidos” para manter conversas secretas com Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram “frequentes”. A informação reapareceu nas investigações da Monte Carlo. Para autoridades que acompanham o caso de perto, esse é mais um indicativo de que as relações do senador com Cachoeira foram mantidas, mesmo depois da primeira investigação criminal sobre o assunto. O documento expõe também a proximidade entre Cachoeira e os deputados Leréia e Sandes Júnior.
Leréia também usava um Nextel para conversas secretas com Cachoeira. A polícia produziu o relatório com base em inquérito aberto em Anápolis para investigar a exploração de bingos e caça-níqueis na cidade e arredores. Como não pode investigar parlamentares sem autorização prévia do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF enviou o material à Procuradoria Geral em 15 de setembro de 2009. O relatório foi recebido pela subprocuradora-geral Cláudia Sampaio Marques. Caberia ao procurador-geral, Roberto Gurgel, decidir se pediria ou não ao STF abertura de inquérito contra os parlamentares. Mas, desde então, nenhuma providência foi tomada.
No segundo semestre de 2010, a PF abriu inquérito para apurar exploração ilegal de jogos em Luziânia e se deparou com as mesmas irregularidades da investigação concluída há três anos. Procurado pelo GLOBO, Gurgel disse, por meio da assessoria de imprensa, que estava aguardando o resultado da Operação Monte Carlo para decidir o que fazer em relação aos parlamentares. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, confirmou o uso do Nextel por Demóstenes.
Segundo ele, o senador usou o telefone, mas não se lembra desde quando. O advogado não fez comentários sobre o suposto pedido de pagamento de despesas e o vazamento de informações oficiais.