Uma das únicas coisas que me tiravam do sério no alto dos meus 8 anos de idade era, quando jogava Aladin no Super Nintendo tomando refrigerante de uva, perder todas as vidas e regressar à primeira fase.
– DE NOVO NÃO! – e arremessava longe copo, joystick e biscoito Passatempo.
A ansiedade crônica decorrente da hiperatividade sempre me acompanhou passando a sensação de que jamais, nunquinha & em hipótese alguma eu poderia repetir o feito ou me superar diante das situações adversas.
Lembro-me como se fosse hoje do dia em que, por não querer esperar a carona do meu pai num local seguro, andei 100 metros e fui assaltada por dois homens armados. Levaram meu Nokia da Cobrinha.
Acontece que o tempo é um Deus justo, e mesmo que castigue o coração de quem espera um primeiro passo alheio, tarda mas não falha, arde mas não queima, bate até furar. Não é da noite pro dia que você vai entender isso. É bem fácil pedir que o outro fique tranquilo quando não se está dentro do olho do furacão, mas uma hora tudo passa – mesmo que, até passar, pareça que não vai passar nunca. Dê-se uma chance para recomeçar.
Há momentos na vida, me dizia um amigo querido, há momentos na vida em que é preciso engolir o orgulho – sem nem um copinho de Grapette pra ajudar a descer – e arrotar pra fora as mágoas passadas (que jamais irão mover moinhos ou virar checkpoint). Engolir tudo isso e resetar.
Assoprou durante muito tempo uma fita e ela não funcionou de jeito nenhum? Deixa pra lá, não foi culpa sua, você ao menos tentou. As pessoas que merecem uma segunda chance geralmente são as que revezariam sem pestanejar o player 2 com você, já reparou? E vice-versa… Procura direitinho no Memory Card.
RECOMEÇAR s.f.: A arte de redesconhecer, com reciprocidade e respeito quem antes se conhecia para que, talvez-com-sorte-um-dia, se voltem a reconhecer como num primeiro começo (o que previa o primeiro re).