Talvez Deus seja a minha mãe que não me deixava comer biscoito antes do almoço ou o meu pai que só me apareceu aos 7 anos ou aquela menina que me empurrou no recreio e me fez ralar os joelhos – joelhos esses que tocariam futuramente o chão sempre que eu precisasse desabafar com alguma entidade.
Pode ser os meus avós que me adotaram, os meus amigos que morreram antes do tempo ou talvez Deus seja o próprio tempo que fez com que alguns amigos morressem para mim.
Talvez Deus seja a luz do sol que invade o meu quarto sempre às 5:30 rasgando a cortina igual parto natural, talvez Deus seja a prova de matemática que eu fui pega colando e o Prof. Lucilo “não viu” (obrigada, Prof. Lucilo).
Talvez Deus seja um gol do ABC e o abraço caloroso de um estranho na arquibancada, talvez Deus seja Elis Regina, Cazuza, Amy Winehouse, Mamonas e todos os meus heróis que se foram inexplicavelmente carregando uma cruz subjetiva (e sendo julgados por pessoas que hoje são grandes fãs).
Capaz de Deus ser eu mesma, que rezo no escuro pedindo por piedade a fim de me livrar da consciência pesada após um erro, mas pode também ser o sorriso e a voz rouca de Juão após longos meses sem nos ver, ali, no meio da Ribeira.
Talvez Deus seja aquela pessoa que encontra seu celular no chão da balada e liga para Deus e o mundo tentando lhe devolver e quando você a encontra e tenta recompensar a gentileza com dinheiro, ela nega. Taí: “se tiver um Deus dos Deuses” assim como o vermelho era o “Power Ranger dos Powers Rangers”, esse seria a Honestidade (com agá maiúsculo).
Talvez Deus seja meus erros, todos eles: a preguiça, a luxúria, a gula, a vaidade, a avareza, a ira, a inveja… Talvez Deus seja a natureza e sua infinita bondade e justiça e paz, seja Marianne, Pedro, Davi, Matheus, Giulia, Daniel e Marcelle e nasceu também meu irmão, ou seja Sol e Artur, que tão pra nascer.
Talvez Deus seja tudo o que fazemos de mal e retorna para nós, seja a água mole na pedra dura que tanto bate até furar, seja caminhar na praia e chorar até secar a fonte de lágrimas, mas é mais provável que seja aquela piada besta que funcionou durante um café e você repetiu o dia inteiro. Tá valendo!
Deus é todas as peças do quebra-cabeça que formam você, é a escolha entre o bem e o mal, é a reticência, a interrogação, o ponto final. Deus é o clímax! Deus é o começo, o meio, o miolo, o recheio. Deus é toda alegria, é entender que não é preciso ser alegre para ser feliz mas que, PORRA, que maravilha é a felicidade quando ela corre pelas veias! Deus é a satisfação, a gratidão, o perdão. Deus é meu “axé” mais sincero dito enquanto uso um cordão de Nossa Senhora levando o livro do Kardec na mochila e respeitando a sua opinião. Deus é cuidar da própria vida, do próprio rabo e do amor próprio (sem depender de religião). Amém! Amem!
Bem vindo, ano bonito que nasce nesse mundo teocêntrico.
Boas sortes e vidas longas aos amigos que sabem que Deus não é um só.