Isso. A gente gasta a semana inteira nas redes sociais pra falar de nós mesmos. A gente gasta as redes sociais pra falar de nós mesmos, o tempo inteiro. É pra que todos pensem e achem e tenham certeza de que somos o máximo. Até que chegue ao ponto em que a gente acredite nisso também. Nesse ponto em que já nos sentimos alguém maravilhoso sem ser, assim mesmo, a gente pode gastar as conversas no bar para falar de nós mesmos, da gente, da gente!, para fazer com que todos pensem que somos o máximo, para que assim então a gente também acredite nessa mentira e nesse abuso inteiro. Aumenta o ego de fora pra dentro, de fora pra dentro. A ideia é fazer parecer com que todos achem e pensem e tenham certeza de que tudo o que a gente faz – nós e nossos egos, nós e nossos egos – é importante. Sem ser. Nem é, nunca é. A gente sabe. A gente sabe e acha e tem certeza que não é, mas é preciso fazer com que todos pensem o contrário e que assim a gente segure nossa barra e nosso ego. E o vazio. Nosso vazio que engoliu todos os egos, os nossos, e todas as menções àquilo que realmente deva importar por aí, por aqui – lembranças que quase não incluem o que eu faço, o que eu penso, o que eu planejo, o que eu crio, o que eu escrevo, o que eu, eu, eu