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Liberal pão com ovo ou liberalismo de domingo

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A teoria liberal é bastante clara: quanto menos Estado, melhor. No pacote da teoria liberal estão também as privatizações. A ideia de que algo gerido pelo capital privado seria, sempre, a melhor opção. Neste sentido, todos aqueles que defendem o Estado liberal não deveriam temer a PL 4330/04. Afinal, o mercado é justo e meritocrático, paga cada um de acordo com seu esforço. O ideal, na realidade, seria a negociação direta entre empresas e trabalhadores. O Mercado paga ao trabalhador de acordo com o seu esforço, neste sentido, a meritocracia passaria a vigorar ainda mais em nossa nação e todos aqueles que reclamam das demoras e burocracias estatais terão acesso a um modelo muito mais sofisticado, rápido e dinâmico.

Os trabalhadores e as empresas deveriam negociar e decidir os salários. Assim prega o Liberalismo.  Afinal de contas, todos nós sabemos, intervenção estatal (direitos trabalhistas) é retrô, démodé e cafona. Não está na moda e nem é tendência. A grande bola da vez é o neoliberalismo, o mercado como motor da sociedade. É o mercado reconhecendo o mérito pelo esforço e o salário pago frente à produtividade. E qualquer um que não concorde com isto, é um  esquerdista, vermelho, comunista, contra o Capitalismo e o avanço do Neoliberalismo e seus benefícios e deveria ir morar em Cuba. A nova PL é o primeiro passo para a implementação do sonho neoliberal.
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Os dados mostram que, no Brasil, as terceirizações pagam salários 24% menores em relação aos trabalhadores com carteira assinada. Ao contrário do que falam alguns comunistas, isso não deve-se ao fato do Mercado explorar o trabalhador ou precarizar sua situação. Ocorre devido ao fato do povo brasileiro ser folgado, gostar de feriado e trabalhar pouco. A queda no salário representa, na realidade, a baixa produtividade e pouca competência do trabalhador nacional. O salário diminuiu já que não fizeram por onde, já que não esforçaram-se o suficiente. Gina Rinehart, a mulher mais rica do mundo e uma das grandes representantes do modelo Neoliberal é clara e não deixa dúvidas em sua fala: ”

As evidências são inquestionáveis de que a Austrália está ficando cara demais e pouco competitiva para negócios voltados à exportação […] Os africanos querem trabalhar, e seus trabalhadores desejam trabalhar por menos de US$ 2 por dia […] Tais números me fazem ficar preocupada com o futuro desse país. Estamos nos tornando uma nação de alto custo e alto risco para investimento

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Gina, a neoliberal mais rica do mundo diz que salário ideal é o africano, de R$ 4 por dia. Para ela a Austrália está tornando-se um país pouco competitivo devido o custo do trabalhador.

A fala da bilionária australiana é repetida no Brasil. Há tempos o discurso predominante é do do Estado mínimo e da teoria liberal. Defesas e mais defesas do modelo de privatização entre outras políticas “progressistas”. O que pareciam não saber é que junto as privatizações vem também as terceirizações e a flexibilização dos direitos trabalhistas, que poderão ser negociados “de acordo com o mérito” de cada um. Em outras palavras: parecem não ter parado para refletir sobre as consequências da implementação deste modelo na sociedade. É o liberalismo pão com ovo. Que prega privatização e meritocracia e ao mesmo tempo afirma ser louco para passar em um concurso público ou cargo comissionado para “não fazer nada“. Que é a favor do Estado mínimo mas que deseja uma série de garantias de direitos pelo Estado. Que é pró privatização, mas contra as terceirizações. Ou seja, um capitalismo à moda brasileira.

O que muitos parecem perceber agora com o “fantasma da PL das terceirizações” é que não temos a informação que desejamos para conquistar nossa liberdade ou felicidade e as informações que temos acesso, muitas vezes, são questionáveis. Recorremos, geralmente, aquilo que nos parece mais doce, mais tentador, mais fácil, mais sonoro e justamente por isto tantas vezes falhamos. Não há solução fácil para problemas complexos e a política é um sério problema. Um problema que não damos a devida atenção, e quando damos, não a tratamos de maneira racional, mas emocional. Fazendo com que os sentido nos tomem por completo, perdendo assim a capacidade de análise racional daquilo que está à nossa frente.