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O #Caixa2doDEMnoRN chega ao fim

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Era maio de 2012. Estava em Fortaleza participando do concurso para professor da UFC que, finalmente, me aprovou.

Recebi um e-mail de uma fonte anônima. Ela falava sobre um cabeludo esquema de compra de votos na eleição de 2006 para o Senado Federal em favor de Rosalba Ciarlini. Era uma investigação de homicídio que se deparou com uma série de outros crimes.  Ou supostos crimes.
No primeiro áudio que escutei, Carlos Augusto Rosado, marido de Rosalba, fala com Galbi Saldanha sobre dinheiro que estava repassando para os então vereadores Edivan Martins e Renato Dantas. Usaria duas contas de Galbi.
O Caixa 2 era evidente. Ou não?
Neste link você pode ler toda a história do escândalo.

No âmbito de uma investigação do Ministério Público estadual, o telefone celular de Francisco Galbi Saldanha, atualmente secretário-adjunto da Casa Civil do governo Rosalba Ciarlini (DEM), foi grampeado. E trouxe à luz conversas muito elucidativas, principalmente entre Galbi e Carlos Augusto Rosado, marido da atual governadora e então candidata ao Senado Federal. Rosalba foi eleita em 2006, mas os telefonemas mostram esquemas de compra de apoio de políticos, compra de votos, fraude em prestação de contas com uso de notas fiscais frias e uma complexa rede de Caixa 2.
Por envolverem políticos com o conhecido foro especial (o senador José Agripino, a então senadora Rosalba Ciarlini e o deputado federal Betinho Rosado), a investigação foi encaminhada pelo Ministério Público estadual e também pelo Ministério Público eleitoral para a Procuradoria Geral da República.  

Acabei descobrindo que o Ministério Público eleitoral no RN recebera o material em 31 de março de 2009 e que a Procuradoria Geral da República recebera em 8 de abril de 2009.
Desde 2012, perdi as contas de quantas vezes procurei à Procuradoria Geral da República para ter informações sobre o caso. Sempre me foi dito que não se poderia saber se havia investigação do caso porque não apareceria nos sistemas da PGR.
Finalmente, recebi a resposta, assinada por Rodrigo Janot, Procurador Geral da República. Curiosamente no mesmo dia em que descobrimos que Janot recomendou o arquivamento de denúncia contra Aécio Neves (PSDB) na investigação da Lava Jato. O #Caixa2doDEMno RN pegava o seu coordenador de campanha, José Agripino Maia (DEM).
Se você acompanhar a linha do tempo ou ouvir todos os áudios certamente ficará abismado com a desfaçatez com que os crimes foram cometidos.
Crimes? Que crimes?
Janot informa que Roberto Gurgel havia arquivado a investigação em 22 de julho de 2013 “diante da atipicidade da conduta”.  Ou seja, Gurgel arquivou a investigação um ano e dois meses depois que os áudios foram publicados pelo blog. Antes disso, repousou por quatro anos sem encaminhamentos.
Em 20 de dezembro de 2013, o ganha destaque nas páginas da revista IstoÉ.  A matéria diz que o novo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, desengavetou a investigação.
Janot, realmente, desarquivou a investigação, motivado por correspondência que eu mesmo encaminhei à PGR com toda documentação que possui sobre o caso. Após analisar o material, o caso foi novamente arquivado porque o material que encaminhei já havia sido analisado anteriormente, quando Gurgel promoveu o arquivamento.
Desse modo, o #Caixa2doDEMnoRN, por mais chocantes que sejam os áudios e mesmo que os supostos crimes só estejam prescritos em 2018, não encontrará julgamento nem punições.
Demotucanos, ao que parece, não serão punidos. São inimputáveis, como diz Paulo Henrique Amorim.
O ofício de Rodrigo Janot foi encaminhado em 27 de janeiro de 2015.
Você pode ler abaixo.