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Nota rápida sobre a reeleição de Dilma Rousseff

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Tava dando uma olhada no histórico de eleições presidenciais do Brasil. Coisas a se notar:

– a única vez que o PT foi maioria em São Paulo foi em 2002, na disputa entre Lula e Serra (Serra só ganhou em Alagoas no referido pleito). Isso diz muito sobre a relevância histórica de São Paulo no cenário político nacional – com algumas ressalvas, dá pra enxergar tranquilamente uma continuidade do poder paulista desde a época do café com leite na República Velha (como se a nossa fosse nova, né?);

– à medida que os anos foram passando, a diferença entre o PT e o PSDB diminuiu drasticamente – de 61,27% x 38,72% (2002) para 51,45% x 48,55% (2014 – resultado parcial do momento em que Dilma foi considerada reeleita). Contaram para isso não apenas as figuras dos presidenciáveis em disputa, mas também o marketing eleitoral e, sobretudo, as alianças políticas contraídas pelo PT. Do jeito que as coisas andam, não vai ser difícil o PSDB retornar à presidência;

– o PT, definitivamente, precisa revisar suas alianças políticas e peitar mais abertamente os partidos conservadores no Congresso Nacional. Não pode haver concessões contra a população miserável, LGBTs, mulheres, negros e indígenas – prova disso é que teve correligionários do partido, aqui no RN, que se recusaram a votar em Robinson Faria (é, aquele que não “faz parte” das oligarquias potiguares, mas passou pelo PMDB, PFL, PMN e se encontra no PSD, construído a partir de dissidentes do DEM e PSDB, entre outros). Vimos, aliás, no que deu a aliança política do PT com PMDB e PSB na eleição municipal de 2008 ;

– paralelamente às alianças, o PT precisa realizar esforços no sentido de abdicar dos privilégios adquiridos quando da chegada ao poder, além levar adiante a reforma política e coisas como Marco Civil da Internet e as licenças de radiodifusão. E nada de Ana de Hollanda no Ministério da Cultura, nem Marco Feliciano no Comitê de Direitos Humanos e Minorias;

– a própria sociedade, independente do envolvimento partidário, precisa se precaver contra a escalada do ódio e do descrédito contra as instituições políticas. A sanha de ódio foi tanta que, pelo Brasil afora, simpatizantes e militantes do PSDB agiram de modo agressivo na campanha do segundo turno – sem mencionar uma figura insólita (mas poderosa do ponto de vista simbólico) como Levy Fidelix, sequioso de realizar um retorno à ditadura por outros meios.

É, agora vamos trabalhar e cobrar de Dilma Rousseff, do PT e de sua base aliada. Por muito pouco o Brasil está por sofrer um revés social. Fiquei satisfeito com o resultado das eleições, mas não posso sequer dizer que tive um orgasmo político; minha sensação é antes de alívio por haver a chance de, nos próximos quatro anos, o PT sanar parte dos prejuízos contraídos nos últimos doze anos. Um olho no padre e outro na missa.