Na ultima quinta feira, dia nove de outubro, o estudante de Ciências Sociais Marcus Luiz foi brutalmente agredido e torturado pela guarda patrimonial do campus, agressão promovida com conivência da Garra – empresa de segurança terceirizada, ao presenciar a ação dos seguranças de destruição de um espaço de convivência construído pelos próprios alunos.
Essa não é uma ação isolada da política de segurança da UFRN. Em 2012, ao final de um evento promovido por estudantes, um segurança atirou em direção a um grupo de alunos que transitavam próximo a biblioteca central, sem qualquer justificativa, o que demonstra a predisposição da guarda ao uso da violência indiscriminada.
Após o ocorrido, outro estudante sofreu perseguição por denunciar este ato truculento, resultando em uma internação compulsória numa clinica psiquiátrica, articulada pela reitoria que se utilizou do aparado da DSP – departamento de segurança patrimonial, para a internação do aluno. Estes graves acontecimentos culminaram na ocupação da reitoria que durou 11 dias, questionando toda a política de segurança do campus.
O ato político da ocupação exigiu diversas reivindicações e a reitora Angela Maria Paiva assinou um termo de compromisso de uma nova política de segurança, dentre elas o desarmamento da guarda nos espaços de sociabilidade, e a capacitação adequada dos mesmos, que não foram cumpridas.
Estes são apenas alguns dos casos de abusos que já ocorreram, e que ocorrem cotidianamente nos espaços da universidade. Diante disso, convidamos toda a comunidade acadêmica: CAs, DAs, DCE, como também coletivos e movimentos sociais, a comparecer ao Restaurante Universitário na quarta feira, dia quinze, às 12h, para um grande ato em denuncia a truculenta política de segurança da UFRN, com saída 14h em direção a reitoria.
Assinam essa nota:
CA de Psicologia
CA de História
CA de Biologia
CA de Comunicação Social
CA de Filosofia
Coletivo construção
Coletivo Enecos
Levante Popular da Juventude
Corrente Proletária Estudantil
Zona Autônoma Garden
ANEL
Juntos
DCE
Nota de Repúdio do Programa de Educação Tutorial de Ciências Sociais (PET-CS UFRN)
Mais uma vez, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte é palco de violência, tortura e autoritarismo cometidos pela segurança patrimonial do campus. No dia nove de outubro de 2014, um estudante de Ciências Sociais da UFRN foi abordado, agredido, algemado e torturado pela guarda patrimonial do campus central – assistida pela negligência da “Garra”, empresa terceirizada de segurança. A violência foi iniciada após o discente tê-los flagrado destruindo um espaço (que está sendo construído por estudantes, próximo ao Setor II) e não ter obedecido a ordem de sair dali imediatamente.
Graves casos já ocorreram envolvendo a guarda patrimonial da UFRN, o que levou a uma ocupação da reitoria por estudantes em 2012. O despotismo chegou a tal ponto que um aluno da pós-graduação da universidade foi internado compulsoriamente em um hospital psiquiátrico, a mando dos gestores da nossa “democrática” universidade, por estar investigando casos de superfaturamento do contrato com a empresa Garra vigilância. Meses antes desse episódio, um funcionário dessa mesma empresa de segurança disparou um tiro de arma de fogo contra estudantes que estavam reunidos em uma festa nas imediações do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Na ocasião, abundaram questionamentos sobre toda a política de segurança da UFRN, além de diversas reivindicações. Após a ocupação, que perdurou por cerca de quinze dias, a reitora Ângela Paiva assinou um termo de compromisso voltado para uma nova política, a qual incluiria o desarmamento dos seguranças que atuam nos espaços de sociabilidade e a formação humanizada dos mesmos. Todavia, até aqui, tais providências não foram realizadas.
Diante do ato de truculência contra mais um estudante da graduação, a reitoria da UFRN, pressionada pelos coletivos estudantis, alegou que fará uma “comissão” para apurar o caso. Considerando tantas promessas não cumpridas, se espera que, desta vez, medidas sejam efetivamente tomadas para o fim da atuação despreparada, autoritária e irresponsável da segurança institucional, se fazendo respeitar o ambiente universitário como um território de liberdade criativa para todos/as, sem o autoritarismo não condizente com um ambiente democrático.
Exigimos uma verdadeira reavaliação da política de segurança na universidade, onde o patrimônio não seja salvaguardado em detrimento da vida humana. Exigimos da reitora medida eficazes contra esse tipo de violência institucionalizada, para que nenhum estudante precise morrer para que a desmilitarização do campus seja encarada com seriedade.
Por fim, prestamos nossa solidariedade ao estudante que sofrera a agressão, e nos juntamos aos que exigem ações cabíveis por parte da reitoria em relação aos responsáveis pelo ocorrido, assim como, o devido cumprimento do termo de compromisso.
Natal, 16 de outubro de 2014.
Programa de Educação Tutorial – Ciências Sociais/UFRN
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O relato do estudante agredido pode ser lido nesse link: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1393061790983901&id=100008402806767