Um silêncio indecoroso se abateu sobre a imprensa potiguar. Nas últimas semanas, os tradicionais veículos da imprensa potiguar optaram pelo emudecimento voluntário. De maneira que o crescimento e o incremento da vantagem da candidata do PT ao senado, Fátima Bezerra, em relação a oponente Wilma de Faria (PSB), detectado pelas últimas pesquisas do Instituto Seta em parceria com o Nominuto, divulgadas no último dia 21, foram sumariamente ignorados. A vantagem da petista contra a “guerreira” cresce a passos galopantes, atingindo, nesse momento, dois dígitos, uma distância que já garante certa segurança.
O silêncio é revelador do quanto à mídia tradicional potiguar se acumplicia com as oligarquias e seus representantes tradicionais no estado. E, assim, sacrifica o direito do cidadão à informação. Nada surpreendente, aliás, uma vez que, como é notório, os principais jornais da cidade estão sob o controle de parlamentares pertencentes às oligarquias que insistem em submeter o Rio Grande do Norte e sua população ao seu domínio familiar e patrimonialista.
Além disso, percebe-se um descarado jogo de informações e desinformações levado a cabo pelos institutos de pesquisa responsáveis por captar as tendências de voto da configuração do eleitorado potiguar. De fato, as diferenças de resultados entre os institutos de pesquisa já extrapolam o senso do razoável, produzindo para quem ler, o sentimento de que alguém (Instituto de pesquisa) está mentindo na maior cara lavada.
Para ilustrar o exemplo, basta compararmos a pesquisa eleitoral divulgada pelo Instituto Seta no dia 28 de setembro com a pesquisa eleitoral divulgada pelo Ibope/InterTV Cabugi com data do dia 30 de setembro. Enquanto o Instituto Seta aponta uma tendência de empate técnico entre Henrique Alves (33%) e Robson Farias (32, 3%), a pesquisa divulgada pelo Ibope/InterTV Cabugi registra uma vantagem de 7% entre Henrique Alves (38%) e Robson Farias (31%). Ou seja, considerando que não houve entre os dois dias que separam as pesquisas, nenhum fato político que justifique a mudança tão radical em matéria de expectativas de votos, só podemos concluir que um dos dois Institutos de Pesquisa está tentando manipular de modo explícito da opinião pública potiguar.
Em meio ao engajamento político de muitos institutos de pesquisa, talvez não fosse absurdo considerar a ideia do Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais, passadas as eleições, divulgarem juntamente com os resultados eleitorais, notas paralelas apontando qual ou quais institutos de pesquisa mais se aproximaram da previsão correta sobre as tendências de voto da configuração do eleitorado. De fato, caberia a própria esfera pública jornalística esse monitoramento, mas com sua captura parcial pelos partidos e grupos políticos de interesse, suspeitamos que teremos muito mais lutas por forjar a opinião pública do que em informar a sociedade a respeito das tendências de voto.
A luta por uma verdadeira nova política no Rio Grande do Norte é inseparável de uma luta crítica contra um dos principais esteios da velha política oligárquica, ou seja, contra imprensa tradicional e sua pretensão de monopólio da opinião.