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O modus operandi do PMDB: nem oposição nem governo, apenas PMDB…

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Por Emanuel Freitas
Doutorando em Sociologia (UFC)
Professor de Sociologia (UFERSA)

download (1)Constituiu-se como lugar-comum das análises políticas brasileiras considerar o PMDB não como um partido com expressão nacional, mas sim um aglomerado de caciques regionais com os mais distintos interesses. Na verdade, os mais distintos meios de satisfazer o seu interesse primaz: estar no poder, à luz da sombra do trono de quem quer que seja o “monarca”.

Desde que saiu da Presidência da República, onde caiu por obra e graça da senhora Fortuna (como nos ensinou o grande Maquiavel) na eleição de Tancredo Neves via José Sarney, o partido não mais logrou êxito em ali sentar-se, desistindo mesmo de disputar como “cabeça” as últimas eleições. À cada pleito presidencial o partido marcha “unido” mas nem tanto…

Em 2002 fechou com o PSDB e compôs a chada de José Serra com a deputada Rita Camatta. Já no segundo turno, muitos caciques apoiaram a candidatura de Lula, uma vez que essa já mostrava-se com chances reais de vitória.

Depois das denúncias que levaram à instalação da CPMI dos Correios (mais conhecida como “CPI do Mensalão”) sua importância para a tal governabilidade mostrou-se imprescindível.

Em 2010 emplacou o nome do paulista Michel Temer como vice na chapa vitoriosa de Dilma Rousseff, mas nem assim o partido deixou sua marca de partido dos mais diversos interesses. Muito conturbada tem sido a tal governabilidade via PMDB. Vide a última “rebelião Eduardo Cunha”. Não bastasse os interesses das caciquias regionais, há os interesses do PMDB do Senado versus os do PMDB da Câmara. Isso mesmo. E o que ganha o Brasil? Bem, vamos tratar de dois dos Estados.

No Rio Grande do Norte Henrique Eduardo Alves será o candidato. Político de longa história, habilidoso sem par. Herdeiro de Garibaldi Alves, outro político profissional. Alves já selou acordo com Aécio Neves, Eduardo Campos e agora o Pastor Everaldo. Todos opositores de Dilma Rousseff. Mesmo assim, tem afirmado e cantado seu apoio incondicional à reeleição desta. Como isso se dará? É esperar para ver. Que programa, que plataforma política tem um candidato que fecha com PT, PSDB, PSB e PSC apoios para sua candidatura? O que oferecerá ao Estado?

Bem, no Ceará as coisas são semelhantes, afinal trata-se do mesmo PMDB velho de guerra. O senador Eunício Oliveira já conversou com Cid Gomes, Luizianne Lins, Roberto Pessoa, Tasso Jereissati e Heitor Ferrer. Respectivamente: PROS, PT, PR, PSDB e PDT. Cid Gomes e seus mais ferrenhos opositores. Tudo em busca de apoio. Se conseguisse convencer Cid a ser o seu candidato, veríamos o mais ardente defensor das políticas dos últimos 8 anos. Como Cid não cedeu ao canto da sereia, veremos o senador encenar a retórica da oposição mais aguerrida. Eis o PMDB: nem governo, nem oposição. Nem direita nem esquerda. Apenas o PMDB.