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Petrobrás na berlinda eleitoral

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Do Jornal O Globo

Por Jean Paul Prates

 

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Diretor Geral do CERNE-Brasil

Mais do que nunca antes, a Petrobras está na berlinda do jogo eleitoral. Não se trata bem de uma estréia, pois os debates sobre a alegada intenção de privatizá-la atormentaram campanhas presidenciais desde Getúlio até os recentes embates de Serra e Alckmin versus Lula e Dilma.

Desta vez, põem-se à discussão pública atos gerenciais de fundamentação duvidosa (a compra da refinaria norte-americana de Pasadena) somada à investigação de tráfico de influência, corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo um de seus diretores, atualmente preso.

Ressalve-se de ante-mão que seria absurdo de minha parte defender que não se apurem crimes, falcatruas e picaretagens, e não se punam culpados investigados, defendidos e julgados – como cabe em qualquer democracia civilizada.

Mas também é patente que o objetivo político é atingir a fama de gestora rígida e competente da Presidente Dilma Rousseff e também de sua executiva-chefe na empresa, Graça Foster.

Pois bem, torço vibrantemente para que os que apostam em fraqueza e covardia da parte delas se surpreendam. E dependendo de quem sejam, poderão até se dar bem mal com as medidas e esclarecimentos relativas a todos estes fatos.

Diferentemente de outros órgãos públicos em que comissionados e funcionários “passam” um mandato ou outro, a Petrobras é bem diferente: é um corpo com vida própria, e que sabe se defender. Além disso, individualmente, quem tem a carreira em jogo numa empresa como a Petrobras não permite ser enxovalhado por político ou mídia marrom: Graça Foster e a maioria das “pratas da casa” na Petrobras são desta cepa.

Ilegalidades sujeitas à devida apuração e punição exemplar à parte, é completamente equivocado, oportunista e até uma atitude de má fé afirmar-se que a empresa está “quebrada” ou que foi o PT quem “afundou a Petrobras”. Há que ser justo e reconhecer que a empresa cresceu como nunca nos últimos 10 anos (cf. figura).

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Oscilações e percalços são ossos do ofício para uma empresa mista que tem que se equilibrar entre os interesses do Estado brasileiro e os do mercado de ações. O tradicional dilema entre preços internacionais para os combustíveis no Brasil versuscontrole inflacionário não é invenção “lulista”. O Brasil NUNCA teve preços de combustíveis integralmente livres. Todo e qualquer governo, de todo e qualquer partido, terá que enfrentar algum tipo de antipatia em relação a este dilema: só tem que escolher entre a população do Brasil inteiro (inclusive as demais cadeias produtivas afetadas pelos fretes rodoviários) e o restrito grupo de acionistas da Petrobras.

É ou não um equilíbrio difícil? Se fosse você, o que faria?

Pensando assim, até que o Governo Federal tem se saído bem nesta corda bamba: o valor da empresa pode ocasionalmente oscilar, por esta e outras causas contextuais, mas é inegável o quanto a Petrobras cresceu e a diferença do que representa suaordem de grandeza hoje comparada com a da década de 90.

Por outro lado, muitos investidores – desde pessoas físicas nacionais até fundos e conglomerados estrangeiros – sempre compraram (e ainda compram) ações da Petrobras justamente por ela ser estatal. Além de saberem que se trata de uma empresa especial pelo corpo técnico e gerencial que possui, pelas facilidades logísticas e operacionais dominantes em território brasileiro, pela eficiência ao lidar com as idiossincrasias e trâmites nacionais, eles querem ser sócios do Governo Brasileiro pela segurança que isso representa; mesmo conscientes de que houve, há e sempre haverá algum grau de ingerência política e social na sua atuação empresarial.

Sabem que “ser Petrobras” tem um bônus e também um ônus (sobre isso, leiam também artigo que escrevi em agosto de 2012 a respeito)

O indigitado “aparelhamento” só não pode premiar incompetentes ou aproveitadores (neste caso, é má gestão). Mas grupos políticos normalmente, em qualquer país, quando ganham eleições legítimas, buscam indicar pessoas de suas hostes e com identidade de pensamento sobre as diretrizes a serem tomadas. Então quando PSDB/DEM indicavam toda a diretoria e a maioria dos cargos na sede da Petrobras não era aparelhamento? Quem trabalhou há mais de 10 anos lá sabe como funcionava.

O partido que, por razões programáticas ou ideológicas, não quiser mais que a Petrobras seja “empresa mista”, terá que vencer as eleições prometendo claramente privatizá-la (tem muitos querendo comprar) e terá que ter firmeza e apoio para executar isso. Mas enquanto a Petrobras for de acionistas e do governo brasileiro, continuará sujeita a ingerências políticas, goste-se ou não.

Incompetentes, oportunistas e corruptos devem ser investigados, julgados e punidos. Mas afinidades políticas nas nomeações sempre existirão, qualquer que seja o partido no poder. Não sejamos hipócritas nem nefelibatas.

Finalmente, como brasileiros, ao acompanhar a atuação da empresa, temos que nos colocar sob três pontos de observação: consumidor, eleitor e acionista. Apesar de parecer ser fácil separar os três, não é. Se fossemos vistos pela Petrobras apenas como acionistas, nos veriam apenas insensíveis buscadores de lucro a todo e qualquer preço, sem preocupação com gerar emprego e renda no País e multiplicar os efeitos disso pela cadeia produtiva da nossa indústria do petróleo – tão promissora. Se, para a Petrobras, fossemos apenas eleitores, seríamos tratados por outra PDVSA, socialmente engajada, mas politica e financeiramente comprometida, demagógica e populista. Se apenas consumidores, seríamos tratados apenas como um oceano de mercado a ser conquistado e mantido a qualquer preço e seríamos explorados por um monopólio insaciável e sem controle.

A virtude, no caso da situação específica e quase única da Petrobras, está no equilíbrioentre os três status – igualmente relevantes para todos nós, brasileiros. E nós cobramos dela nas três formas. Afinal, somos as três coisas também – querendo e gostando ou não.

P.S.: Sem fugir às suas próprias culpas, o partido governista sujeitou-se a punições inéditas no Brasil e continuará sujeito a outras, se julgado culpado. Em compensação, há partidos por aí que navegam na “base aliada” fazendo mil exigências em nome de uma tal “governabilidade” (para mim, nada mais do que um eufemismo para chantagem política), impõem a nomeação de um monte de nefastos, embolam com todo mundo, e na hora de enfrentar as consequência saem de fininho migrando para outras chapas. Estes partidos é que são o verdadeiro câncer da Nova República brasileira.

P.S. (2): Enquanto isso, esta semana a Petrobras informou sobre a conquista derecordes em diversas áreas da companhia em função do aumento da produtividade de seu quadro de empregados.

Os recordes obtidos foram registrados na produção do Pré-Sal, no processamento das refinarias, na entrega de gás natural e na produção de fertilizantes.

Recorde de Produção no Pré-Sal

A produção média mensal de petróleo operada pela companhia na camada Pré-Sal atingiu, em março, a marca de 387 mil barris de petróleo por dia, constituindo um novo recorde de produção mensal.

Para obtenção desta marca cabe destacar a entrada em produção, no dia 3 de abril, do poço 7-SPH-04-SPS, em local onde a profundidade da água é de 2.120 metros, no campo de Sapinhoá, no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos. Esse poço, que tem potencial de produção de 26 mil barris de petróleo por dia, está conectado à plataforma de produção de 120 mil barris por dia de capacidade, o FPSO Cidade de São Paulo.

A conexão do fundo do mar até essa plataforma se dá por meio de um sistema de tubulações verticais rígidas e flexíveis, suportadas por uma boia, pioneiro no mundo, denominado BSR – Boia de Sustentação de Risers.

Interligado ao FPSO Cidade de São Paulo, através do mesmo sistema BSR, está o poço SPS-77A, produzindo 36 mil barris por dia de petróleo desde o dia 18 de fevereiro de 2014, constituindo-se no poço de maior produção atualmente no Brasil.

Neste momento, outros três sistemas BSR estão sendo instalados. Um deles no próprio FPSO Cidade de São Paulo. Os outros dois no Campo de Lula, no FPSO Cidade de Paraty, também com capacidade para processar até 120 mil barris de petróleo por dia. Ao longo deste ano, outros 7 poços de potencial de produção estarão interligados a estes dois FPSOs e produzindo.

Recorde de refino

Também no mês de março, a Petrobras atingiu novo recorde mensal de processamento de petróleo nas suas refinarias. A carga média processada foi de 2.151 mil barris de petróleo por dia, representando um volume de 12 mil barris, superior ao recorde mensal anterior de 2.139 mil obtido em julho de 2013.

Ainda em março, a Petrobras atingiu em suas refinarias recorde na produção de diesel e gasolina com baixo teor de enxofre. Foram produzidos 4 milhões de barris de diesel S-10 [concentração de 10 partes por milhão (ppm) de enxofre], 20 milhões de barris de diesel S-500 (500 ppm de enxofre) e 14,8 milhões de barris de gasolina S-50 (50 ppm de enxofre).

Recorde de entrega de gás natural

A Petrobras ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 100 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural entregues ao mercado consumidor. No dia 26 de março, a empresa disponibilizou um total de 101,1 milhões de m³ do energético, volume recorde registrado até então.

Destes, 45,1 milhões de m³ foram destinados ao mercado termelétrico e 42,5 milhões de m³ ao mercado não termelétrico, do qual fazem parte indústrias, residências, veículos, sistemas de cogeração e outros. O restante – 13,5 milhões de m³ – foi entregue às unidades da Petrobras.

Em março deste ano a geração de energia elétrica nas usinas termelétricas da Petrobras foi de 5.000 MW. Considerando as usinas para as quais a Petrobras fornece gás natural, a geração chegou a 7.613 MW, representando cerca de 12% da demanda de energia elétrica do SIN – Sistema Interligado Nacional.

Recorde de Produção de Fertilizantes

A fábrica de fertilizantes da Bahia atingiu no último dia 31 de março a produção de 34.715 toneladas de ureia. Um recorde de produção mensal da série histórica da fábrica para o mês de março. Atingiu também a expressiva marca de 104.233 toneladas acumuladas no primeiro trimestre do ano.