É falsa a ideia de que a eleição vive apenas de debate, de proposição. E é bom que assim não seja. Se não existisse a acusação, aquilo que é encarado por alguns “como baixaria”, só teríamos um pleito de candidatos falando bem de si mesmos. Ninguém em sã consciência e querendo lograr êxito em sua jornada, atravessará o tortuoso caminho eleitoral, denunciando os próprios supostos defeitos e inconsistências. É uma função que cabe ao oponente.
A chamada pauta negativa, construída a partir do conteúdo gerado pelas Qualis, ao contrário do que se imagina, tem uma função positiva: a de gerar um contexto informacional relevante para o eleitor. Sem ela, a eleição seria a mera expressão do auto bom mocismo. E para ocupar um cargo público, o postulante deve ser esquadrinhado de todas as formas. Afinal, ele vai liderar toda uma sociedade. A competição entre os aspirantes trata de resolver tais aporias.
A eleição no Rio Grande do Norte no quesito “pauta negativa” já começou nas redes sociais. Os sinais são objetivos. Fakes com fotos de mulheres bonitas para atrair seguidores no denominado “face”, ou contas no twitter com pouquíssimas mensagens (tweets) e que não seguem ninguém (o que comprova a falta de interatividade real) já espalham boatos, estórias e reforçam impressões reprováveis sobre adversários.
Com a carência de agenda e de debate, esta estratégia, sempre existente na forma de abordagem pessoal em pontos de fluxo ou porta-a-porta e, agora, inflada com as redes sociais, será hipertrofiada em importância. Quem entrar para brincar, sobretudo, na campanha majoritária, vai ficar chupando o dedo, pois, como se diz na linguagem do futebol, do pescoço para baixo é canela.