Pelas resistências cultivadas contra a figura do jornalista Cassiano Arruda, colunista do Novo Jornal, alguns colegas vêm endossando os excessos cometidos pelo Ministério Público na celeuma sobre a verba de publicidade. O MP alega que o recurso hoje empregado em propaganda governamental deveria ser investido em áreas que ele considera mais importantes, tais como saúde, segurança e educação.
Quem poderia ser contrário? Entretanto, apesar da aparência de indubitável verdade, o raciocínio esconde um certo populismo, além de outras nuances. A destinação foi feita nos conformes. Nenhuma irregularidade foi apresentada. E o governo do RN tem o direito de informar os norte-riograndenses sobre ações, campanhas educativas. O dever, na verdade. Disso depende a relação democrática entre Estado e Sociedade. Não é menos importante.
Os gastos com publicidade também não podem ser responsabilizados pelas adversidades enfrentadas pelo RN. Até porque o orçamento da área é bem modesto. O contrato em debate é de 25 milhões. Isto diante de um orçamento geral de 12,1 bilhões. Só não gastamos menos do que o Piauí no Nordeste com a referida pasta.
É preocupante essa judicialização da política. Vale lembrar: o MP não recebeu voto para interferir nessas decisões.
Sim, você pode alegar: a agência vencedora da licitação é da família dele. Por isso ele contesta o MP com tanta veemência. Porém, ao sair da cômoda posição sectária, permanece evidente a relevância do argumento mobilizado por Cassiano.
QUER DELIBERAR?
O MP faz bem o seu papel quando zela pelo mínimo constitucional a ser manejado para educação, cota não respeitada pelo governo do RN, segundo denúncia do deputado estadual Fernando Mineiro (PT). Mas ficar querendo dizer aonde um governante deve investir? Aí é melhor ingressar num partido e concorrer às eleições.