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Os tigres e labirintos de Borges

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Falar que o escritor argentino Jorge Luis Borges foi um gênio literário é o “óbvio ululante” como dizia Nelson Rodrigues. Disso todo mundo sabe (ou deveria saber). Quem me apresentou a Borges foi o prof. Paulo de Tarso Correa de Melo, que me emprestou “História Universal da Infâmia”. Nestes anos todos, me tornei apaixonado pela Literatura de Borges. Estou lendo “Jorge Luis Borges, Esplendor e Derrota”, de María Esther Vásquez, uma biografia do gênio argentino. Confesso que desconhecia a poesia de Borges, conheço bem mais sua magnífica prosa. A biografia em questão revela a longa convivência de Borges com a poesia e os poetas da sua geração. Mas, concordo com a critica literária internacional de que o gênio Borges se revelou infinitamente mais criativo na prosa com seus tigres, labirintos e alucinações e sonhos. Além de uma fixação obsessiva por mitos, lendas, viagens surreais que provocam uma das mais ricas e criativas Literaturas dos últimos séculos. Cervantes, Joyce e Borges são na prosa, os gênios mais criativos que a Literatura já criou. Argentino fanático, Borges teve em Buenos Aires, sua grande fonte de inspirações, nas suas reveladas caminhadas noturnas pelas ruas da cidade. A cegueira fez “bem” ao gênio Borges. Trata-se de uma doença impressionantemente hereditária na família do escritor. A partir da cegueira, o Borges “provinciano” de Buenos Aires ampliou seu universo literário povoando-o de fantástico muito além dos jardins caseiros. Ele tinha paixão por jardins. A realidade como ela é não existe na Literatura de Borges. É apenas uma referencia vaga. Suas viagens são mágicas, como “Alice no País das Maravilhas”, onde os personagens viajam em labirintos onde a ficção e realidade se misturam genialmente num exercício de criação que só os gênios conseguem. Como outro argentino genial, Cortazar. No livro de poemas “Elogio das Sombras”, Borges cria “um homem que se obstina em ser imortal”. O livro “As mil e uma noites” sempre apaixonou Borges que se influenciou pela obra de um de seus contos. É imaginar tigres e labirintos, foram as duas obsessões de Borges. É descrever o sertão mineiro, como fez outro gênio literário, Guimarães Rosa, num universo místico, fantástico. Daí porque Borges é considerado “um escritor difícil” para leitores que querem o óbvio. Borges fugiu do obvio em toda a sua vasta obra.