Recentemente, ando pesquisando como as tecnologias digitais tem impactado na forma como o jornalismo pode ser feito. Entre tantas pesquisas, percebi algumas tendências que a internet possibilita para melhores práticas de difusão da informação. Um dos grandes trunfos para as corporações hoje em dia é o chamado Big Data, ou seja, a grande quantidade de dados existentes na internet que, por sua vez, são como impressões digitais que cada usuário deixa a cada acesso a rede mundial de computadores. As empresas vêem aí um grande desafio. Como utilizar esses dados em benefício de seus próprios negócios? Mas o Big Data pode ser uma grande oportunidade para o jornalismo também.
O chamado Jornalismo de Dados já é uma realidade e mostra como a utilização da internet para o jornalismo pode ir muito mais além da geração de leads nas redes sociais. Ele consiste na extração, construção, filtragem, análise e apresentação de bases de dados, com o objetivo de gerar notícias. Algumas características são inerentes ao jornalismo de dados e são motivo de grandes debates por todo o mundo de profissionais que se utilizam da técnica. A principal delas é a transparência. Para essa forma de geração de notícias, é primordial que dados, principalmente públicos, sejam abertos. Dessa forma, a técnica pode contribuir para uma informação precisa e de alta relevância para a sociedade, mas não é assim que acontece. Em países como os EUA, por exemplo, existe uma cultura de disponibilidade de dados muito forte que faz do país uma potência no tratamento de dados para o jornalismo. No Brasil, a dificuldade é extrema nesse sentido. Em 2009, foi criada a Lei da Transparência, uma primeira iniciativa na disponibilização de dados públicos na internet, mas não é o suficiente. Essencialmente burocrático, o Brasil mostra ser inseguro nessa disponibilização.
Um dos principais nomes da área no país, José Roberto de Toledo falou ao Observatório da Imprensa sobre essa nova forma de fazer jornalismo:
“As melhores equipes de jornalismo de dados reúnem jornalistas, desenvolvedores e designers. Aliando suas diferentes habilidades, dão conta de resolver problemas que, sozinhos, teriam muito mais dificuldades para solucionar. Mas é importante que todos tenham ao menos noções básicas do que o outro é capaz de fazer para poderem trabalhar em conjunto.
A divisão social do trabalho não é nada revolucionária, nem nas redações. Em TV, há quem produza, grave, entreviste e edite o próprio material. Mas é a exceção. Em geral, produtores, cinegrafistas, repórteres e editores fazem cada um a sua parte, e o resultado é a reportagem que vai ao ar.
No jornalismo de dados é muito parecido, com a diferença de o que vai ao ar é, muitas vezes, uma ferramenta interativa que permitirá ao usuário (antigamente conhecido como leitor) usá-la para contar a história para si mesmo, sem intermediários. Antes de avançar para o produto do jornalismo de dados, porém, convém tratar do processo, de porque e como se chega lá.” disse.
O “Data Journalism” ainda não tem grande penetração no ambiente acadêmico, fato que impede muitas vezes o seu desenvolvimento no país. O mercado da comunicação, por sua característica de transformação constante, mostra-se com mais essa demanda e cabe às instituições de ensino e profissionais se inteirarem do assunto que configura como uma das grandes tendências do jornalismo para os próximos anos.
Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://goo.gl/t7wDba