Há quem acredite na roda cíclica da história. O PT do Rio Grande do Norte que o diga. Diante das eleições que se avizinham, o cenário parece repetir uma oportunidade, mas com um ingrediente que alguns ainda tendem a encarar como custo – aceitar o apoio do PMDB e incrementar suas fichas eleitorais ou manter determinado purismo ideológico e jogar no lixo mais uma chance.
Natal/RN – 1996 – Fátima Bezerra, então candidata a prefeita de Natal pelo PT, empata com Wilma de Faria. O pleito estava bastante apertado. A “guerreira”, como ficou conhecida, vinha de um desgastado aval ao então muito mal avaliado Aldo Tinoco. Para se fortalecer, uniu-se ao hoje senador José Agripino.
A ida de Fátima Bezerra ao segundo turno foi surpreendente por ter superado o candidato dos Alves, o Deputado Federal João Faustino.
E eis que o dilema se instaurou: reza a lenda que, procurada pelo ex-governador Aluízio Alves, louco para lhe oferecer apoio e sepultar a carreira política de Wilma, Fátima Bezerra e o PT disseram não.
Resultado: Wilma de Faria venceu com uma diferença aproximada de 10 mil votos, algo que, com certeza, a estrutura partidária do PMDB tiraria de letra.
É sempre complicado trabalhar na base do “se”, mas façamos um exercício de futurologia pautado em condicionamentos especulativos. Se tivesse aceitado o apoio de Aluízio, possivelmente, a deputada federal pelo PT teria trilhado outro caminho. Talvez, o que a levasse a governadoria do Rio Grande do Norte.
O fato marcou parte da esquerda e sinalizou para a necessidade de estabelecer alianças. Alguns aprenderam a lição. Outros, ressabiados com a aproximação com o wilmismo de outrora e/ou pautados pela honesta busca por maior protagonismo, não.
As eleições de 2014 batem a nossa porta. E, com o pleito, a possibilidade do PT fazer um senador. Mas, para isso, é imprescindível aproximar-se do PMDB, aliado no plano nacional e enxergado com desconfiança nas terras de Poti.
Apesar de relativamente sepultada, há quem ainda acredite numa chapa “puro sangue”. Mais. Até alegue não fazer campanha, caso o Partido dos Trabalhadores não lance candidato ao governo e senado, simultaneamente, conforme relatos de militantes vermelhos.
Ora, para esses, é importante que se diga: a chance desperdiçada em 1996 deve aguçar os sentidos. Afinal, em que pese às diferenças históricas, é fato notório que, sem a estrutura do PMDB, não será possível fazer um senador.
Não apenas pelo tempo de Tv, mas, por exemplo, para conseguir ingressar na distante cidade de “Olho Dagua dos Borges”.
Num sistema eleitoral de lista aberta, multipartidário e com muitos incentivos às coligações mais díspares, querer jogar fora da lei de ferro da competição eleitoral representa suicídio.
Claro, é preciso dialogar, combinar com as bases, fazê-las sentir que têm a opinião levada em consideração.
Mas, ao mesmo tempo, os militantes devem compreender a pauta das eleições. E a união com o PMDB, principal fiador do pleito, implica em forte palanque para Dilma e um meio para fazer Fátima senadora, jogando para as cordas oponentes de peso.
Não é pouca coisa.
O tabuleiro de combate é posicional. E a aliança com o PMDB representará um passo adiante na hipertrofia da estrela vermelha no Estado.
1996 de novo, não.