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Manifesto Político: meu retorno ao PCdoB

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pcdob_bandeiraHoje, como já havia prometido dias atrás, publico meu “Manifesto Político”, acerca de meu retorno ao Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. Militante desde 1992 e filiado desde 1997, lutei várias lutas ao lado deste partido quase centenário. Minha militância se deu ao longo do Movimento Estudantil de Natal naquela, hoje histórica, década de 1990. As bandeiras do Partido eram minhas bandeiras. Sua ideologia era minha ideologia.

Meu afastamento do Partido se deu gradualmente. Com o mestrado e, depois da eleição de Lula, um sonho acalentado desde 1989, veio a entrada no mercado de trabalho. No meu caso, o duro mercado de trabalho das IES privadas do Brasil. Após 2006, veio certa desilusão com a lentidão do ritmo das reformas tão necessárias de meu Brasil. Outras desilusões viriam. Aproximei-me, neste ínterim, de setores “mais à direita do espectro político”. Posteriormente, fechando esse longo ciclo de afastamento, tive outro duro golpe: enfrentar uma greve de docentes federais e a forma de tratamento do governo em relação a uma categoria que sempre o apoiou.

Mas, veio o ano de 2013 e, com ele, uma percepção mais acurada do que ocorre à minha volta. A prepotência de um certo discurso hegemônico que se impõe, pautando conquistas sociais, que sempre defendi publicamente, como engodo. Isso quando, pelo contrário, acredito que é necessário ir muito mais além de Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida ou Crédito Fácil. Ir além é aprofundar as mudanças. Ou, parafraseando o camarada Lênin: “dar um passo a frente e dois atrás” se necessário for.

Hoje, assumo a convicção que não estamos construindo o ritmo necessário de mudanças e ponho-me, como agora e antes, crítico do Partido dos Trabalhadores e de certas práticas governamentais postas. Vacilo? Medo? Contradições do jogo democrático? Talvez. Ao mesmo tempo, acredito que os demais grupos políticos que se põem no poder não possuem alternativas condizentes com a minha maior preocupação: o povo brasileiro, nossos trabalhadores e trabalhadoras, idosos, crianças, indígenas e tantas outras camadas e categorias a elencar. A esses lanço o meu olhar, minha capacidade de trabalhar e pensar. A eles, ponho-me em combate novamente. Afinal, citando Max Weber: “Neutro é aquele que se decidiu pelo mais forte”. Assumo minha condição de homem de partido.

O PCdoB, com todas as suas contradições e problemas, ainda é, para mim e para tantos camaradas, um espaço onde: a luta anticapitalista; uma crítica social e política efetiva; e, mais do que nunca, um locus de luta e de práxis política, onde a resistência ao Capital, ao neoliberalismo e suas vertentes podem ser combatidas. Anos estudando a violência e suas mais diversas formas fizeram-me pensar mais do que nunca em todas essas construções. Sei dos problemas que enfrentarei. Escolho este espaço por acreditar que é possível lutar conjuntamente com meus camaradas e demais brasileiros. Afinal: “Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.” (Bertold Brecht).

O Socialismo, aspiração última de todos os povos e gentes oprimidas, embora tenha sido duramente derrotado em suas primeiras manifestações, ainda pulsa como ideal de todos os trabalhadores e, de certo modo, dos absolutamente excluídos. Uma convicção que impulsiona a luta para nossa derradeira conquista: a igualdade social plena. Utopia? Pode ser. Mas, a tomo como tocha que guia meus passos nessa dura jornada. O que nos resta? A barbárie, nada mais.

Alguns irão vibrar. Outros, como minha amada esposa e meu velho e querido pai, irão desgostar. Entendam a posição de alguém que nunca ficou em cima do muro e, aproximando-se dos 40, não aguentava mais alimentar certo discurso do oportunismo e do poder constituído.

Uno-me às colunas da luta. Não sou um bolchevique. Sou apenas um professor. Sigo os passos e o exemplo de Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro: resignar-se jamais!!!! Serei feliz? Nunca. Enquanto um brasileiro ou um ser humano padecerem sob o julgo da miséria, da pobreza, da espoliação, da injustiça e de tantas outras mazelas, jamais serei feliz. Sigo com a angústia de quem usará sua pena a serviço de todos estes.

Citando novamente Lênin: “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles.”

Meu abraço a todos, aos que entenderão e aos que não compreenderão.

Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.

(Bertold Brecht)