Por Ivenio Hermes e Cezar Alves
Após três horas e meia de reunião, as negociações entre Governo do RN (Administração Ciarlini) e o SINPOL (PCRN e ITEP) não avançam, a despeito do que a nota divulgada pelo Governo informa.
A Crônica do Embate Continua
(Publicado originalmente no Jornal De Fato, Coluna Retratos do Oeste)
Utilizando a estratégia mais apurada numa verdadeira guerra eufêmica de palavras que objetivam cansar os líderes do SINPOL, a Administração Ciarlini não apresenta propostas concretas e posterga a solução para uma das maiores greves que o Rio Grande do Norte já vivenciou.
Ontem (16 de setembro) o Governo divulgou uma nota que foi alardeada por toda imprensa, repassando através de seu poder e influência midiática, uma série de dados inverossímeis acerca da Polícia Civil e do ITEP, numa tentativa clara de colocar a opinião pública contra os servidores em greve. A intenção do Governo foi obliterada pelo texto A Cronologia da Batalha: Crônicas da Greve da PCRN publicado no Jornal De Fato, na Coluna Retratos do Oeste.
Outro golpe na estratégia de colocar a sociedade contra os policiais foi a divulgação da cópia do contracheque mostrando o real salário do policial civil no Rio Grande do Norte. Segundo a nota divulgada pelo Governo, um agente de polícia civil estaria ganhando entre R$ 3. 660, 00 e R$ 5.756,00, o que pode ser provado é que se trata de uma informação irreal com uma simples olhada na imagem do contracheque.
Contudo, com o poder da mídia a seu favor, a Administração Ciarlini continua tentando empurrar os líderes do SINPOL, Djair Oliveira e Renata Pimenta para a beira do precipício da ilegalidade, consumindo o tempo com reuniões que não apresentam nenhum avanço, apenas para matar no cansaço os ânimos dos servidores em greve.
Na reunião de hoje onde o Chefe do Gabinete Civil, Carlos Augusto, não apresentou nenhuma proposta, apenas pediu que cada item da pauta fosse repassado numa cansativa dança de ventos, inclusive dizendo que estava com “saudades do barulho que o SINPOL fazia nas manifestações”, numa franca demonstração de sua força exercida através do aparato da Polícia Militar que foi mostrado pela imprensa no dia 16 de Setembro.
A Administração Ciarlini apenas acenou com a promessa de convocar 20 policiais por mês, sendo 03 delegados, 05 escrivães e 12 agentes, apenas um policial além do que foi praticado na nomeação de ontem, conforme pode ser verificado na 8ª Portaria de Nomeação, mas sem nenhuma outra ação positiva.
De fato, Carlos Augusto apenas reiterou antigos avanços.
O Delegado Geral de Polícia, Ricardo Sérgio, contudo se sentiu otimista, pois vislumbra com a negociação a concretização da Divisão de Homicídios que deverá atender a Grande Natal e Mossoró e contar com 17 delegados, 18 escrivães e 45 agentes.
O otimismo não foi assimilado pelos grevista, que após a reunião decidiram permanecer em greve até a próxima assembleia a ser realizada na sede do SINPOL.
A sociedade potiguar não deseja que a greve continue, mas também não quer que os policiais civis continuem trabalhando sem condições, portanto, não há mérito em não apresentar soluções que resolvam logo o problema, prolongando a greve, deixando os policiais cada vez mais acuados dentro de uma política de medição de forças.
O chefe do Gabinete Civil, Carlos Augusto Rosado, sabe como jogar as cartas dessa guerra eufêmica e talvez seja por isso que a Governadora Rosalba Ciarlini não tenha participado de nenhuma das negociações, pois nesse carteado o Rei de Copas continua a manter os oponentes sob a expectativa da próxima reunião enquanto utiliza a mídia e a procrastinação para desgastar os policiais.
E assim, a greve caminha para mais um período sem definição de quando chegará ao fim.
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SOBRE OS AUTORES:
Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró, Conselheiro Editorial e Colunista da Carta Potiguar, Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Cezar Alves é Fotojornalista e Editor do Jornal De Fato e da Coluna Retratos do Oeste.