O propinoduto tucano vem chamando atenção, não apenas pelos valores (estima-se um superfaturamento de R$ 557 milhões) e tempo de atuação (20 anos), mas também pelo modo como a grande imprensa vem cobrindo o caso. Os termos nomeadores são bem diferentes daqueles utilizados para cobrir o já enquadrado – depreciativamente – “Mensalão”, quando se tratou do PT.
Resolvi fazer uma tabela comparativa sobre aquilo que já li na imprensa – termos e afirmações – sobre o “Cartel” do metrô e trens do governo de São Paulo e o “Mensalão”.
Há também as imagens. Elas não são nada gratuitas. Alckmin sempre aparece com cara de quem é firme e se encontra tranquilo, muito diferente das fotografias no momento em que PTistas fazem careta ou coçam a cabeça, como se estivessem enlouquecendo de tanta preocupação, ou mesmo já reconhecendo o ilícito.
Fotografia reproduzida hoje em jornais de circulação nacional
Capa da veja sobre Lula e o mensalão
Há também a própria intensidade com que o escândalo é mostrado e o espaço que lhe é atribuído. Por exemplo, em pleno fervor do tucanoduto, Folha produz (hoje) a mesma repercussão sobre o incremento das evidências da formação de Cartel e o papel ativo de todo o governo Serra e Alckmin e meia dúzia de recibos que ela diz que Dilma não apresentou durante sua campanha passada.
O relato de um alto executivo da Siemens de que se encontrou com Serra para acertar os termos do cartel foi um sopro de verão nos jornalões. Mas vocês se lembram dos mais de 30 dias que esses mesmos jornais passaram, dizendo ter ocorrido um encontro, sem data confirmada (ao contrário do encontro do Serra), entre a Lina e a Dilma?!
além disso, quando se trata do PT, mira-se no nome dos já dados como envolvidos. No PSDB, o “governo nega”. Alckmin só é mencionado para mostrar sua suposta pró-atividade em resolver o problema. No final, o ataque está se processando muito mais contra as empresas, como se o governo nada soubesse, ou fosse de conhecimento isolado.
Mas ainda fica a pergunta, e se fosse o PT? Imagino uma notícia assim:
O ministério público federal descobriu o que pode ser um dos maiores escândalos da história. Preocupado em permanecer infinitamente no poder, o PT montou uma articulada e criminosa rede de canalização de recursos advindos de superfaturamento do metrô e trens urbanos do Estado de São Paulo.
Já há evidências de que o dinheiro foi utilizado nas últimas campanhas para eleger deputados, prefeitos e governadores.
Fontes oficiais que preferiram manter o anonimato afirmam que o governador PTista Fulano de Tal estar envolvido e já chamou o chefe da casa civil Cicrano para uma reunião urgente.
Caros leitores, seria ou não seria assim?!
E ainda tem gente que acredita em imparcialidade jornalística.