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Amarildos

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Palestino quer saber onde está Amarildo

Não quero parecer cruel ou inadequado no meu texto e, por isso mesmo, antecipo esse comentário como uma ressalva.
Era 1962. Pelé já era o melhor jogador do mundo, na seleção campeã do mundo.  Na Copa do Chile, ele e Garrincha voltavam a ser as grandes esperanças do futebol brasileiro.
Pelé se machucou na primeira fase e não jogou mais na Copa.
O peso de sua substituição coube a Amarildo.
Amarildo deu conta do peso. Na final, contra a Tchecoslováquia, há uma cena que sempre me impressionou.  Em uma jogada pela ponta esquerda, Amarildo dá um corte em um zagueiro tcheco, que passa batido pela linha de fundo.  Juro que no centro da área um outro jogador adversário levanta a mão pedindo uma falta no lance – que termina com o gol brasileiro.
Amarildo conduziu a seleção brasileira ao bicampeonato – mas é bem possível que você nunca tenha ouvido falar em seu nome nem do papel que desempenhou na seleção de 62.
É possível que Amarildo, jogador, tenha sido inspiração do nome de um outro Amarildo.  Mesma humilde origem, o Amarildo atual está há dez dias desaparecido.  Morador da Rocinha, pedreiro, Amarildo foi conduzido à UPP.  Nunca mais foi visto.
Mais cedo, um amigo, desavisado, perguntava quem é Amarildo.
Amarildo representa o pior de nosso estado policialesco que dá sumiço a pessoas.  O mesmo estado que infiltra PMs que agora são suspeitos de atirar coquetéis molotov contra colegas para gerar uma situação caótica num conflito, mata e incrimina mortos.
Não incriminará Amarildo.
Amarildo pode ser o mártir de uma nova era de mudança da relação da população com seu sistema policial, anacrônico e militar.  O desastre da PM do Rio não é apenas a incapacidade de diálogo social que se manifesta em um perfil no twitter quase esquizofrenicamente manipulado pelo seu comandante.  Não é apenas as ordens dadas por um governador que reduziu sua aprovação a oito por cento da população.
O desastre da PM do Rio é sua existência como força militar.
Esse é um desastre nacional.
Hoje, somente para confirmar, comecei a corrigir as resenhas que meus alunos fizeram do Rota 66, de Caco Barcellos.  A PM mata. Qualquer que seja ela.
Onde está Amarildo?

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