Em nota, divulgada pelo Facebook, o movimento Revolta do Busão se manifestou sobre a ação da Guarda Municipal na desocupação da Câmara Municipal de Natal.
Segundo o movimento, a ordem para a desocupação partiu do vereador Albert Dickson, presidente da Câmara. A desocupação ocorreu enquanto os manifestantes redigiam uma contraproposta. Em vídeo produzido por Tiago Aguiar e publicado no portal G1 pode-se constatar que os manifestantes não exerceram qualquer resistência, nem tampouco estavam depredando o patrimônio público, o que torna a truculência injustificável.
http://www.youtube.com/watch?v=gcd2r-Vxf0E&feature=youtu.be
Em outro vídeo, divulgado por Julio Formiga, é possível ver que os manifestantes foram obrigados a pular o muro da Câmara enquanto eram agredidos.
Nota divulgada pelo Movimento Revolta do Busão sobre o ocorrido:
Tudo começou pacífico com a intenção de ocupar e dialogar com os vereadores, já que apesar de tentativas por parte do movimento não tinha acontecido ainda. O diálogo era sobre: revogação da tarifa para 2 reais; anulação do projeto de lei de Carlos Eduardo para a licitação do transporte público (feita sem diálogo suficiente com a população) e prorrogação do tempo de debate a respeito do projeto de licitação com as assembleias populares e com participação de sindicatos e outras organizações, além de discussões abertas na Câmara e universidades; a abertura da caixa-preta do Seturn, que há vinte anos não se sabe os custos e lucros das empresas, e de acordo com decisão da justiça já deveriam ter apresentado as planilhas.
Os manifestantes receberam a nota do presidente da Câmara, Albert Dickson, porém foram reformular o acordo de modo que ficasse mais explícito as nossas reinvindicações. Enquanto uma comissão reformula o documento, outro grupo fazia cantos e ciranda no pátio da Câmara.
Nesse momento, o presidente da Câmara já estava ausente. Então o procurador da Câmara concorda com a reformulação do projeto e nos impôs um tempo para a mudança do projeto.
Depois desse ocorrido, o chefe de segurança da casa, Alexandre [sobrenome], disse que os manifestantes teriam um tempo de 20 minutos. Antes dos 20 minutos estipulados o guarda municipal anunciou o cerco aos manifestantes e a expulsar, chutando suas bolsas, atacando com spray de pimenta, armas de choque, cacetetes e agressões físicas e psicológicas enquanto os manifestantes se abraçavam como forma de resistência.
Entre os feridos houve quem ficou desacordado de tanto apanhar e levar choque, um outro teve um braço contudido e teve hematomas nas pernas e foi levado ao hospital, um idoso foi arrastado no chão e levou choque, uma manifestante grávida sofreu agressões e foi ameaçada de levar para uma sala e uma menor de idade foi agredida, enquanto levava puxões de cabelo e jogada ao chão, saiu com escoriações no pescoço, o manifestante que tentou ajudá-la levou choque e cacetete, foi agredido e desmaiou. Após a saída de todos os outros manifestantes, sob o pedido dos manifestantes que estavam do lado de fora, os advogados da OAB foram averiguar a presença dele no prédio e as condições em que ele estava.
O manifestante que desmaiou foi encontrado algemado na mala do carro da Guarda Municipal. Houve manifestação do lado de fora por várias horas para a libertação do companheiro que se encontrava do lado de dentro sob coerção policial sem sequer podermos saber as condições de saúde dele.
Após horas de espera ele foi liberado e foi em carro da OAB para prestar corpo de delito. Alguns manifestantes já prestaram corpo delito, acompanhados de uma comissão dos Direitos Humanos e da OAB. Devemos ressaltar que fomos informados pelo Chefe de segurança da casa desde o momento em que entramos, que as atividades dele e de seus guardas, dependiam de ordens diretas do presidente da Câmara, Albert Dickson. Gostaríamos que o presidente se posicione a respeito das cenas fascistas produzidas pelos seus capangas e que se não foi ele que ordenou, quem seria o responsável pela atuação repressiva da Guarda Municipal?
VAI AUMENTAR, A REVOLTA VAI AUMENTAR!!
Comissão de Comunicação da Revolta do Busão
O relato transcrito abaixo foi feito por Jan Clefferson manifestante que presenciou in loco a desocupação.
Por: Jan Clefferson bacharel sem formatura, escritor sem livros, poeta sem palavras e rebelde sem causa.
REIVINDICANTES SÃO REPRIMIDOS NA OCUPAÇÃO DA CMN
A OCUPAÇÃO DA CMN foi articulada de maneira inteligente e executada de forma estratégica pelos integrantes do MOVIMENTO PASSE LIVRE com participantes da REVOLTA DO BUSÃO na manhã de hoje.
O coletivo de ocupação se organizou para permanecer resistente quando FOI OUVIDO PELO PRESIDENTE DA CASA DO POVO que se comprometeu a respeitar todas as pautas apresentadas pela comitiva.
AS PAUTAS DOS OCUPANTES FORAM APRESENTADAS AOS REPRESENTANTES DA CMN que colocaram nela suas notas e apontamentos em um documento direcionado para os reivindicantes lá instalados.
FOI CONCEDIDA AOS ENVOLVIDOS NA OCUPAÇÃO TODA AUTONOMIA para retirar ou colocar no documento as suas pautas de reivindicação de forma a este passar pelo Presidente da Casa e seguir assinado nas mãos populares.
Tudo parecia correr bem até A SURPRESA DESAGRADÁVEL DAS FORÇAS REPRESSORAS intervirem de assalto contra os ocupantes para brutalizá-los com extrema violência em um recinto cujas entradas e saídas estavam fechadas.
A comitiva reivindicativa foi cercada pelos DEFENSORES DA INTOLERÂNCIA que de um modo covarde e carregado da mais suja desumanidade acionou seus sprays de pimenta contra o povo desarmado formando sobre ele UMA NUVEM ESPESSA DE TOXICIDADE.
Os ASSASSINOS DA LIBERDADE levaram a violência contra as garotas da ocupação enquanto as arrastava pelo cabelo e as eletrocutava com armas de choque sem ternura ou compaixão para com todos.
Uma mulher grávida foi submetida à BRUTALIDADE CORPORATIVA com todos os riscos oferecidos por tal exposição causticante ao gás do spray de pimenta e a truculência do tratamento dos PROTETORES DA TIRANIA.
Um respeitável manifestante que desde o início da ocupação estava ali foi rechaçado com grosseria pelos INIBIDORES DA LIVRE EXPRESSÃO quando ao invés das atrocidades merecia saudações por seu histórico de lutas.
A população do lado de fora não foi capaz de controlar as emoções e partiu para os portões NA PERSPECTIVA DE APOIAR OS COMPANHEIROS que na hora estavam tentando subir no muro PARA ESCAPAREM DA CARNIFICINA.
Nesse instante de solidariedade entre os manifestantes AS FORÇAS DA AUTORIDADE FORAM BRUTAIS e dispararam TIROS DE MUNIÇÃO LETAL numa via pública por motivo ignorado para todos os presentes.
Um dos envolvidos na ocupação foi capturado e encaminhado a uma sala isolada na CMN onde foi SUBMETIDO A TORTURAS CRUÉIS para perder a consciência e ser atirado nas malas de uma viatura SEM NENHUM SOCORRO MÉDICO.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB foi acionada para negociar com os AGENTES DA REPRESSÃO pela saída do ativista detido com segurança em um dos seus carros NA DIREÇÃO DAS MEDIDAS CABÍVEIS.
Os protestos não pararam do lado de fora enquanto a população partiu para o enfrentamento CONTRA A REAÇÃO DAS FORÇAS REPRESSORAS sobre ela e viu a OAB levar consigo o ativista protegido no seu carro.
Uma reunião informal foi convocada na porta da Casa do Povo para decidir a sequência do protesto que se resolveu com uma parte dos manifestantes comprometida a PERMANECER e a outra a DIVULGAR informações do ocorrido.
AS ARMAS IMPRÓPRIAS CONDUZEM AO IMPACTO IMINENTE e as massas estão movimentadas por causa da barbaridade cometida para darem a resposta necessária aos opressores.
Fotos: Marcos Paulo