O Cavaleiro da Lua, ascensão do Islamismo e crise do petróleo
Um curioso herói vem adquirindo notável importância dentro do mundo dos quadrinhos desde a década de 1970. Trata-se do “Cavaleiro da Lua”. A criação do personagem aparece intimamente ligada a questões de ordem política. Com isso não afirmamos categoricamente que o personagem foi criado de maneira proposital para aproximar culturas ou diminuir conflitos, mas trata-se de uma “metáfora” para a aproximação entre “oriente e ocidente”, seus conflitos, representações e lutas.
Uma rápida biografia do personagem
O Cavaleiro da Lua (Moon Knight em inglês), é um personagem ficcional das histórias em quadrinhos ou Banda desenhada do Universo Marvel, publicadas pela Marvel Comics. Seu nome verdadeiro é Marc Spector, embora ele se disfarce de outras pessoas para melhor investigar os casos que lhe interessa. Criado por Doug Moench e Don Perlin, ele surgiu primeiramente na revista Werewolf by Night #32 (Agosto de 1975).
Nascido em Chicago, Illinois, Marc Spector é o filho de um rabino americano. Ao atingir a maturidade, Marc ganhou a vida como boxeador, fuzileiro naval e mercenário. Em uma de suas muitas missões, ele trabalhou em conjunto com o mercenário africano Raoul Bushman, a serviço do Dr. Peter Alraune. Nesta missão, eles procuravam o antigo templo do deus egípcio Khonshu (ou Konshu), o deus da Lua. Quando finalmente encontram a caverna, Bushman se revela um traidor, assassinando o Dr. Alraune e deixando Spector às portas da morte. Encontrado por egípcios, ele é levado até o templo do próprio Khonshu para ser tratado. Quando o coração de Spector para, o deus egípcio aparece em uma visão e lhe oferece a chance de ser seu avatar na terra. Marc aceita e, decidido a se tornar um combatente do crime, ele derrota Bushman e, em seguida, volta para os E.U.A.
O contexto histórico do surgimento do herói: A crise do petróleo
O elevado índice de exploração dos recursos naturais (petróleo) por parte de algumas empresas ocidentais deixou descontente, principalmente, uma série de govenos situados na região do Oriente Médio (maiores produtores de petróleo até os dias atuais). Com o agravamento da insatisfação, foi fundada em 1960 a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A OPEP tinha como objetivo três pontos principais definidos pela organização na conferência de Caracas em 1961, eram: aumentar a receita dos países-membros, a fim de promover o desenvolvimento; assegurar um aumento gradativo do controle sobre a produção de petróleo, ocupando o espaço das multinacionais; e unificar as políticas de produção. A OPEP aumentou os royalties pagos pelas transnacionais, alterando a base de cálculo, e as onerou com um imposto.
O surgimento do herói
O Cavaleiro da Lua apareceu pela primeira vez em 1975 (o que indica dizer que foi “elaborado/criado/pensado” bem antes), por assim dizer, no auge da crise do petróleo. Basta observar que entre Outubro de 1973 e Março de 1974 o preço do barril de petróleo chegou a crescer 400%, atingindo os índices mais altos até então registrados, fato que auxiliou em crises tanto nos EUA como nos grandes países capitalistas da Europa.
Filho de um judeu (Estado este que tem “despertado” conflitos com o povos árabes desde a sua instalação após a Segunda Guerra mundial) o herói era um mercenário que, após quase morrer, é salvo e “passa a lutar contra injustiças”. De inimigo passa a amigo. De mercenário a Herói.
Podemos observar neste momento um contexto bastante parecido com o cenário intenacional da década de 70/80: uma entidade que antes era “má” (empresas de petróleo com lucros exorbitantes), após uma séria crise (quase morte) iniciam uma série de mudanças de postura e políticas.
As coicidências não param por aí. Em seu peito o Cavaleiro carrega uma “Lua crescente”. É preciso lembrar que o símbolo do Islamismo também é a Lua crescente, que pode ser observada em uma série de bandeiras de Estados Islâmicos em todo o mundo.
A função social dos quadrinhos
O Cavaleiro da Lua, tal como o Capitão América entre tantos outros herois não possuem apenas a função puramente “diversão”. Carregam consigo uma série de símbolos e contextos históricos que precisam ser “desvendados”. Quadrinhos são, nada mais, nada menos, que histórias do mundo real contadas como uma grande ficção, como se tivesse acontecido “em uma terra muito distante”…
Projeto “História em quadrinhos”.
O projeto “história em quadrinhos”, da Carta Potiguar em Parceria com a Quadrinhos Online tem como objetivo fazer associações entre as revistas em quadrinhos e questões de ordens históricas, tentando desta forma despertar ainda mais o interesse pela leitura e divulgação de ideias.