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FHC REINVENTADO

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Depois de mais uma derrota presidencial em 2010, o PSDB decidiu reinventar aquele que é seu principal expoente: Fernando Henrique Cardoso.

A deixa já tinha sido dada pelo sociólogo Carlos Alberto Almeida, de um modo um tanto quanto ressentido, em sua coluna no jornal Valor Econômico. Os tucanos precisam arrumar soluções para a comparação sempre êxitosa do ponto de vista eleitoral para o PT com as gestões de FHC de 1994 à 2002, disse ele logo após a derrota dos bicudos.

a2E o momento é oportuno. A histérica tese do descontrole inflacionário, repetida 100 vezes por dia pelos jornalões, está adquirindo um quê de verdade (em que pese o índice nunca ter saído do limite da meta). Comparações absurdas entre a situação atual, em que o dado mal bate 0,5% percentual, com uma época em que a inflação atingia três digitos são feitas com a maior naturalidade, sem se questionarem sobre a desonestidade intelectual da prática.

Nessa história, FHC está sendo recriado. Quem assistiu ao programa roda viva na última segunda feira na Tv Cultura, aquela trincheira PSDBista, percebeu bem aquilo que este texto fala.

Como um golpe de mágica, FHC deixou de ser aquele que quebrou o Brasil duas vezes. Agora, figura como o que derrotou o monstro da inflação, reeditando um pouco a linha propalada em 1998 quando a mídia o pintou como o mais preparado para enfrentar a crise, sem mostrar, em contrapartida, que ele a tinha produzido.

Demonstrando um forte complexo de vira lata, nenhum dos entrevistadores fez uma questão mais polêmica. Nada de privataria. Do processo da Vale. Ou sobre os dados reais de suas administrações, que desmentem a narrativa do dito cujo (queda da renda e incremento da concentração de riqueza, por exemplo).

Aquele que entregou o patrimônio nacional no limite da irresponsabilidade e duplicou a dívida externa, mesmo às estatais tendo sido vendidas para supostamente abater o prego, agora dá conselhos, como se fosse o agente de uma pregressa época de ouro de abundância e desenvolvimento nacional.

Este Fernando Henrique que está aí eu não reconheço. O que me apresentaram foi aquele que, quando eu era aluno da UFRN, mandava orçamento inferior às necessidades da instituição e, no meio da minha aula, faltava energia na universidade pela ausência de verba para pagar a conta da Cosern.

A estratégia do PSDB tem tudo para dar errado. A atual geração não o conhece, mas a anterior sabe muito bem o que ele fez no verão passado e não vai deixar de contar o que significou a implementação da selvageria sem peias do mercado e sua tentativa de desregulamentar o já minguado estado de bem estar social brasileiro.

Trataremos de contar a história. Quantas vezes for preciso.