Rosalba Ciarlini deu entrevista a um jornal de grande circulação da cidade em que elogiou a última manifestação, que ocorreu em Natal no dia 20. Sua fala tem elementos significativos. A principal: enalteceu a total ausência de partidos e sindicatos na passeata.
Atentai. A mesma governadora que botou a polícia para bater no primeiro ato pacífico da #RevoltadoBusão, agora saúda os protestos e faz pose de democrática. Enquanto isso, militantes de partidos políticos identificados com as causas da #RevoltadoBusão desde o início, apanharam e foram expulsos da manifestação.
Vou repetir: Amanda Gurgel, que colocou o mandato dela, assim como outros parlamentares, a disposição da Revolta do Busão, foi expulsa por estar com a bandeira do seu partido. Dario Barbosa, sindicalista histórico, levou uma garrafada e saiu com o rosto ensaguentado pelo mesmo motivo. Já a principal mandatária da repressão policial apareceu bem na fita num escancarado oportunismo de última hora.
Não olhem para o céu. Isto é resultado do apartidarismo, que coloca ingenuamente todas as agremiações no mesmo saco. O raciocínio é uma maravilha para a direita, que tem dinheiro para comprar eleições. Já a esquerda, que depende do diálogo com a sociedade civil e precisa fortalecer sua agenda de inclusão e melhores condições de vida para se legitimar, sai enfraquecida.
Questionemos sobre o resultado do preconceito, que cria vácuo para o atraso. A Revolta do Busão apartou qualquer ajuda e bandeira de partidos durante os atos. Escanteou partidos de esquerda historicamente vinculados àquelas lutas. Mas ao recusar toda e qualquer instituição e, muito menos, não se construir como uma, a Revolta do Busão deixou espaço aberto para que a direita, não só capturasse os protestos, como também, agora, se apresentasse como apoiadora dos mesmos.
Tanto é que a pauta da #Revolta do Busão sumiu e a imprensa local, sequer, ouviu o movimento social. Bem diferente do MPL em São Paulo, que pelo seu grau de institucionalização, forçou o seu reconhecimento e obrigou a mídia a entrevistá-los e publicizar suas reivindicações reais.
A agenda da Revolta do Busão, que era sobre o direito à cidade, foi substituída no dia 20 por uma patriotismo cafona com inclinações golpistas de última hora. Mas o modus operandi era de Micareta, com a classe média na avenida e a “pipoca” nas bordas. Enquanto os estudantes forjaram o território, apanhando da polícia sem reação nas primeiras ações. A direita, no dia 20, fez sua manifestação estilo carnatal.
Sem pauta alastrada, sem comissão política, sem uma institucionalização minimamente clara, a Revolta do Busão foi enxergada como acéfala. Logo, foi renomeada.
Parentese: antes de ontem no ato, vi até bandeiras de pessoas, defendendo a ditadura militar. E aí cabe uma reflexão – que manifesto é esse em que bandeiras pró-golpe tremulam tranquilamente, enquanto símbolos históricos dos partidos de esquerda, que enfrentaram a ditadura, são atacados?!
Voltando. Não quero que partidos mandem em movimentos sociais. Bem longe disso. Alias, isso não acontece assim. Saim dessa paranoia de que vão ser instrumentalizados, que ela é mutiladora. A ideia é, apenas, que não fechem às portas para quem, de fato, está identificado com a pauta. Conforme disse, a plenária continuaria a mandar no movimento social, aprovando todos os atos através do voto. Nenhuma instituição mandaria individualmente em nada.
Não vamos mais criar um movimento social, para depois entregá-lo de mão beijada para quem quer que a gente se exploda, para depois fazer passeata coxinha.
Vomitemos o discurso do opressor. Muita gente morreu pelo direito à liberdade de opinião, expressão e associação política. Partidos são da democracia. Eles foram proibidos com a ditadura no Brasil e seu ato institucional número 02 e nos regimes nazifascistas de Mussolini e Hitler, que não queriam nem saber de agremiações, principalmente, de esquerda.
Apresento melhor meu ponto de vista sobre o assunto aqui: