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A #RevoltadoBusão não pode se dobrar

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É de encher os olhos de alegria e o peito de esperança quando presenciamos estes novos atores ocupando as ruas. Não se deve temer. Quando as expectativas e desejos se tornam mais audaciosos é momento de alargamento da política e possibilidade de concretização de sonhos antigos de quem não acordou agora, mas tem lutado cotidianamente por uma sociedade mais justa e igualitária.

yuyuiyA mudança de abordagem da mídia pegou todos de surpresa. Ninguém podia esperar que este apoio pudesse vir de quem sempre criminalizou os movimentos sociais e as lutas de estudantes e trabalhadores, partidos e organizações sociais de contestação do sistema. Entretanto, não devemos nos iludir, isto teve uma razão de ser. O que eles esqueceram é que o perigo das ruas pode servir ao açoite do senhor, mas também a revolta do açoitado. E, se o grito da tortura na ditadura não se ouvia, era porque a rua não podia ser ocupada.
As conquistas são processos sem origem determinada. Metodologicamente podemos até indicar datas e momentos. Mas construções como estas que estamos passando tem as mais diversas causas. Como também podem ter resultados não desejados. Ainda assim, todo e toda lutadora deve ter a audácia de ousar. Só não pode se dobrar a uma agenda contrária as conquistas do povo trabalhador.

A mesma mídia que sempre criminalizou os movimentos sociais, que defende seu interesse de classe patronal é a mesma mídia que se opõe ao governo do PT e às conquistas dos últimos anos para a classe trabalhadora. Não podemos deixar que sua agenda saia vitoriosa. Se é fato que as pessoas não se reconhecem nos partidos de esquerda forjados na luta e em defesa da classe trabalhadora (PT, PCdoB, PSTU e PSoL, por exemplo), muito se dá pela própria manipulação desta mídia e de nosso sistema eleitoral.

E, se temos acordo que uma reforma política é necessária, esta não pode ser nos moldes que esta elite e mídia propõe. Não podemos ceder ao desejo destes atores que sempre excluiu da sua história a construção de pautas, propostas, partidos e lideranças representantes da classe trabalhadora, dos oprimidos e não contidos nem absorvidos pelo sistema.
Devemos ir para rua em defesa de uma cidade que se abra através de um transporte público de qualidade, acessível e universal, por via, por exemplo, do BRT (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bus_Rapid_Transit), de ciclovias e arborização. Deve ser possível e agradável usar a cidade. Alguns não sentem vontade de sair de casa, outros não tem a mínima condição financeira e física de acessar a cidade.

Devemos exigir que as instituições se abram não só a transparência, mas a vontade popular. Queremos mais participação e poder de decisão. Não queremos perder tempo somente discutindo e elegendo nossas prioridades, queremos ver sendo executado nossos sonhos e desejos. Não basta ter orçamento participativo, este deve ter a dimensão de nossas necessidades. Se não teremos tempo de ocupar todas as reuniões deliberativas, queremos que as instituições se abram a mecanismos que possibilitem a maior e mais diversificada participação. Mulheres, negros, gays, lésbicas e travestis, jovens, estudantes e idosos, trabalhadores e trabalhadoras devem abrir, mas também, se sentirem parte da política e das instituições.
Devemos exigir diminuição de imposto não para o empresário. É fato que nossa carga tributária é alta, mas não para ele, pois o sistema tributário como está posto acaba por repassar toda sua incidência para o bolso da população. Estamos a exigir, portanto, que inverta o nosso modelo tributário, que o transforme em um modelo progressivo, e que aqueles que tenham grandes fortunas paguem proporcionalmente a fortuna que a sociedade lhes proporcionou. Não podemos nos iludir pelo discurso manipulado que a mídia nos impõe. O imposto pode e deve ser revertido a serviços, a cidade e ao país que queremos.

Portanto, não nos iludamos, saibamos distinguir os projetos que estão postos nas ruas. A mídia nunca nos defendeu, e se alguma luz e incentivo nos deu neste momento, talvez não tenha sido para clarear, e sim, para ofuscar. Utilizemos, pois, toda esta nossa energia não só para se indignar, mas também se comprometer com um projeto de sociedade mais justo, solidário e sustentável.
Não neguemos a política, tomemos conta dela!!!

Sabemos que o quadro em que se encontra a cidade e as ações necessárias ao continuo desenvolvimento de nossas reivindicações não são de responsabilidade somente dos políticos tradicionais. Por isso, as ruas ocupamos.