Prazer, meu nome é violência policial.
Com os protestos, vocês estão tendo a oportunidade de me conhecer melhor.
Mas eu sou velha e bem atuante. Toda vez que um crime nos andares de cima acontece, clamam por mim.
E eu respondo prontamente, agindo de modo enérgico contra os moradores dos bairros mais distantes.
Às vezes, nem espero o tribunal. Cubro o rosto com capuz e faço o que deve ser feito.
Muitas vezes, o cidadão não tem a oportunidade de sair contando a história.
Cidadão vivo é o de bem. Já os outros…
Eu sou muito próxima à periferia.
Lá, minha ação é diária.
Lá, eu bato primeiro e pergunto o nome depois.
Quer experimentar um baculejo num sábado à noite, numa rua escura, para ver o que sou capaz de produzir? Minhas artimanhas?
Para mim, bandido bom é bandido morto.
De 12 anos para baixo já entra na dança.
Eu quero redução da maioridade penal. Melhoraria o meu trabalho.
Comércio legal é aquele que me paga o dízimo – R$ 50, 100, 150.
Sei fazer propaganda, para poder cobrar: atendo aos sentimentos fascistas de alguns.
Sou performática.
Usuários de drogas são os meus sacos de pancadas. Tenho de me manter em forma.
Enfim, espero que vocês não me incomodem. Eu já parei de bater em manifestante, mas não queiram que eu deixe de arregaçar com quem está nos andares de baixo.
Já seria demais, não?!