Por Alan Lacerda, Professor de Políticas Públicas da UFRN
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Desde 1982 o PT paulista não deixa de apresentar candidatura a governador. Todos os candidatos apresentados pelo partido desde então foram competitivos, ou seja, ultrapassaram pelo menos a marca de 10% dos votos válidos. A seção estadual da agremiação também conta com líderes nacionais expressivos, como o ex-presidente Lula, diversos ministros e o prefeito da capital, Fernando Haddad. Tornou-se por essas razões uma expectativa natural a candidatura compulsória de um petista a cada quatro anos para o cargo de governador de São Paulo.
Alguns elementos do cenário político atual sugerem que esta pode não ser a melhor política para a agremiação, no que toca ao pleito de 2014. Pra começo de conversa, o PT não conta neste momento com nome natural para a postulação, na medida em que ministros como Aloizio Mercadante (Educação), Marta Suplicy (Cultura) e José Eduardo Cardozo (Justiça) não demonstram apetite pela ideia de concorrer. Neste fim de semana anuncia-se o fortalecimento do nome do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no interior do petismo paulista. Todavia, sem uma marca visível em sua gestão no ministério e com baixo conhecimento de seu nome no estado, Padilha teria que enfrentar um governador candidato à reeleição cujos índices de aprovação superam a marca de 50%. Por fim, o ex-presidente Lula não pode contar, como pôde na competição paulistana do ano passado, com a bala de prata do “nome novo” nesta disputa, pois inexiste evidência de que o eleitorado no nível do estado deseje necessariamente renovação.
Não à toa, Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB e presidente da FIESP, sugere hoje em entrevista uma troca envolvendo os dois partidos no Rio de Janeiro. O PMDB do Rio não tentaria mais vetar a forte candidatura do senador petista Lindbergh Farias a governador, enquanto o PT paulista pensaria com carinho na possibilidade de não lançar candidato no ano que vem, apoiando o nome peemedebista. A noção faz todo o sentido: sacrificado em diversas ocasiões nas suas pretensões por intervenções nacionais (pró-paulistas) da direção nacional petista, o PT fluminense poderia reivindicar papel de pivô para si em 2014. Afinal, Lindbergh é competitivo e exibe apetite pela campanha, enquanto seus correligionários do estado vizinho seguem às voltas com a indefinição do perfil que desejam para governador de São Paulo.