Uma pequena provocação e com todo respeito, caros: bicicleta não é alternativa de mobilidade em larga escala, como é pintado por alguns.
Em Natal, muitos fazem uso da ferramenta, mas é para economizar a passagem de ônibus ou porque o transporte coletivo não passa próximo do ponto de saída e/ou de chegada.
Quem trabalha quer, na verdade, voltar da labuta com conforto, seja de carro, trem ou ônibus.
Imagine um funcionário do Midway retornando para casa, em Bom Pastor, ou Potengi, depois de 12 horas no batente, numa magrela?!
Concebeu?
Pensar em pegar uma bicicleta para salvar o meio ambiente após tal situação é voluntarismo.
Nossa cidade carece dessa infra-estrutura, porém colocar ciclovia como meio redentor é um exagero. Imenso.
E é preciso certo cuidado para não reproduzir preconceito quando se critica o automóvel, pois que hoje tem gente expelindo racismo porque novos grupos sociais têm dinheiro para comprar carro, artigo antes exclusivo da classe média para cima.
O bem ainda não está alastrado no Brasil, em que pese avanços na facilitação do crédito e poder de compra. Mesmo a dita “nova classe média” ainda não foi maciçamente tocada pelas quatro rodas. Apenas 04 em cada 10 possui um carango.
E o dono, não raro, só utiliza o carro em situações esporádicas (compras, dias de chuva, lazer, etc), mantendo íntima relação com transporte de massa.
Quem centraliza a discussão da mobilidade na noção da ciclovia é porque se mostra incapaz de perceber a precariedade da locomoção diária dos 450 mil usuários de ônibus da chamada – no estilo bobo alegre – cidade do sol.
Bicicleta serve para pequenas distâncias.
Só.